[RETROSPECTIVA TP] Os 10 fatos mais marcantes da MLB em 2015
De brasileiro campeão da World Series, a recordes e briga do MVP, confira o que ficou para a história em 2015
Mais um ano está chegando ao fim. Como é costumeiro nesta época do mês de dezembro, sempre tem aquela retrospectiva, para relembrar os melhores, ou até piores, momentos do ano. Desse clichê, nós do The Playoffs não podemos fugir, então aqui estão os 10 fatos mais marcantes de MLB em 2015. Lembrando que a numeração dos fatos não é como um ranking de importância ou relevância (à exceção do primeiro item).
1. Paulo Orlando
E poderíamos começar com outro? O brasileiro se tornou o terceiro nascido no País a jogar pela Major League Baseball (aliás, informação dada em primeira mão pelo The Playoffs). Paulo não perdeu tempo, e logo no começo da carreira nas Grandes Ligas conseguiu dois recordes. O camisa 16 do Kansas City Royals foi o primeiro rookie na história da MLB a conseguir três triplas em suas primeiras três rebatidas. Mais tarde, se tornou o novato com mais triplas em menos jogos, com cinco em sete partidas.
Apesar de ir e voltar duas vezes das Ligas Menores, Paulo Orlando ainda conseguiu um walk off grand slam, o primeiro de sua carreira. Adicionado ao roster da pós-temporada por Ned Yost, o brasileiro esteve em 12 dos 16 jogos dos Royals na post-season. E, para coroar o ano, se tornou o primeiro nascido no Brasil a conquistar a World Series, logo no dia do seu aniversário. Paulo Orlando ajudou Kansas City a acabar com uma seca que já durava 30 anos, desde 1985, ano, justamente, do nascimento do brasileiro.
2. Slide de Chase Utley em Ruben Tejada
Na sétima entrada do Jogo 2 da Série de Divisão da Liga Nacional, o New York Mets vencia o Los Angeles Dodgers por 2 a 1. Após o walk de Enrique Hernandez e a simples de Chase Utley, Noah Syndergaard foi trocado por Bartolo Colon. O veterano, então, cedeu uma rebatida para Howie Kendrick. Enquanto Hernandez corria para empatar a partida, Utley visava impedir uma jogada dupla. Para isso, se jogou no caminho de Ruben Tejada, atingindo o adversário e, num primeiro momento, sendo eliminado na segunda base.
E, enquanto os médicos retiravam Tejada (que mais tarde foi diagnosticado com uma fratura na fíbula), os juízes reviram a jogada e consideraram Chase Utley salvo. A arbitragem se baseou na imagem que mostra que Ruben não tocou na base para eliminar o adversário e, com isso, abriram mão da chamada “Regra de Vizinhança”, criada justamente para proteger os infielder de colisões.
Além de Enrique Hernandez, outros três jogadores dos Dodgers anotaram corridas na sétima entrada, e Los Angeles venceu por 5 a 2.
3. Kansas City Royals 9@6 Houston Astros
Assim como no ano passado, o Kansas City Royals mostrou sua força em jogos de eliminação na pós-temporada. Perdendo a Série de Divisão da Liga Americana por 2 jogos a 1 para o Houston Astros, o time do Kauffman Stadium viajou para o tudo ou nada no Jogo 4, disputado no Minute Maid Park. O cenário piorou ainda mais na sétima entrada, quando Ryan Madson cedeu três corridas para o time da casa, que abriu 6 a 2 no placar.
Necessitando de uma virada sensacional, os Royals foram para a oitava entrada na mais pura definição do jogo “small ball”. Com cinco rebatidas simples em sequência, logo conseguiram deixar o placar em 6 a 4. No erro de Carlos Correa, Kendrys Morales também chegou em base e Kansas City deixou tudo igual, 6 a 6. E, no sacrifício de Alex Gordon, 7 a 6. Para acabar com o dia dos texanos, Eric Hosmer conseguiu um home run na nona entrada, impulsionando Ben Zobrist e sacramentando: 9 a 5.
Nesse ínterim, o governador do Estado do Texas, Greg Abbott, até tweetou parabenizando o time de Houston pela “vitória” na ALDS. Abbott foi tão pé frio ao pedir uma ALCS texana que eliminou até o Texas Rangers, que perdeu naquela mesma tarde para o Toronto Blue Jays.
4. Bryce Harper
A temporada de Bryce Harper foi mais do que digna de tudo o que ganhou: indicação para All-Star Game e Home Run Derby (este que ele recusou), além dos prêmios Hank Aaron, Silver Slugger e MVP da Liga Nacional. O jogador de campo direito do Washington Nationals terminou o ano com o terceiro melhor aproveitamento no bastão da MLB, o segundo da NL, com .330. Harper ainda liderou a MLB em OBP, .460; SLG, .649; e na soma destas duas últimas, OPS, com 1.109. Também foi o jogador com o maior WAR da Liga, ou seja, na contribuição para as vitórias do seu time, com 9.9.
Com toda a expectativa da rotação titular dos Nationals e a esperança de uma boa pós-temporada, uma posição fora até do Wild Card foi decepcionante para o time da capital. A frustração era tanta que até resultou em briga, entre o próprio Harper e Jonathan Papelbon, que passou o ano inteiro pedindo para ser negociado pelo Philadelphia Phillies.
5. Daniel Murphy
Se Bryce Harper foi incrível na temporada regular, o que falar da sequência de Daniel Murphy? O shortstop sempre se mostrou um bom rebatedor, haja visto seus .288/.331/.424 da carreira. Porém, nunca foi um jogador que chamou a atenção pelo poder ofensivo. Seu WAR é de apenas 12.5 vitórias em sete anos de carreira nas Grandes Ligas. No quesito home run, por exemplo, sempre deixou a desejar. Sua média é de apenas 8.85 bolas perdidas ao ano.
Essa última estatística é o suficiente para entender o tamanho do seu feito na pós-temporada de 2015: seis jogos seguidos rebatendo home runs, recorde na história da MLB. Ele também se tornou o primeiro jogador a conseguir pelo menos uma rebatida multi-base e uma corrida impulsionada em seis jogos consecutivos na pós-temporada. Com 7 HR no total, Murphy ficou a um de alcançar Barry Bonds (SF, 2002), Carlos Beltran (HOU, 2004) e Nelson Cruz (TEX, 2012) com 8 HR em uma única post-season.
6. Home run 660º de Alex Rodriguez
Alex Rodriguez foi o primeiro jogador do New York Yankees a chegar ao centro de treinamento da franquia de pré-temporada em Tampa, na Florida. Um ano após a suspensão por anabolizantes, o camisa 13 do Bronx queria mostrar que estava diferente. Além do Yankee Stadium, nenhum outro ballpark torcia pelo seu sucesso, e foram muitas tardes/noites de vaias.
E não haveria clima ou lugar melhor para A-Rod entrar para história em um ano tão controverso. No dia 1º de maio, no Fenway Park, contra o Boston Red Sox, Alex Rodriguez rebateu seu 660º home run da carreira, se igualando a Willie Mays como o quarto maior rebatedor de jon-rons da história da MLB. Menos de um semana depois, o 1B/3B/DH superou o ídolo do San Francisco Giants, na partida contra o Baltimore Orioles, em Nova York.
No mês seguinte, A-Rod ainda conseguiu sua rebatida de nº 3000 na carreira, contra o Detroit Tigers, no Bronx. O feito daria uma bonificação ao atleta, mas o valor foi pago para quatro instituições de caridade.
7. No-hitters
Não à toa que o jornalista colocou este item neste número. Neste ano foram sete no-hitters na MLB, a segunda maior, mas não a única, marca na história da MLB. O mesmo número aconteceu nas temporadas 1990, 1991 e 2012. A maior da história foi em 1884, com oito.
1º. Chris Heston, San Francisco Giants 5 @ 0 New York Mets – 11 SO, 0 BB (9/ jun)
2º. Max Scherzer, Washington Nationals 6 x 0 Pittsburgh Pirates – 10 SO, 0 BB (20/ jun)
3º. Cole Hammels, Philadelphia Phillies 5 @ 0 Chicago Cubs – 13 SO, 2 BB (25/ jul)
4º. Hisashi Iwakuma, Seattle Mariners 0 x 3 Baltimore Orioles – 9 SO, 3 BB (12/ ago)
5º. Mike Fiers, Houston Astros 3 x 0 Los Angeles Dodgers – 10 SO, 3 BB (21/ ago)
6º. Jake Arrieta, Chicago Cubs 2 @ 0 Los Angeles Dodgers – 12 SO, 1 BB (30/ ago)
7º. Max Scherzer, Washington Nationals 2 @ 0 New York Mets – 17 SO, 0 BB (3/ out)
8. Quase jogo perfeito de Max Scherzer
O no-hitter de Max Scherzer (o segundo na lista do item acima) quase entrou para a história. Desde a fundação em 1869 (há 146 anos atrás), a MLB já viu 294 no-hitters, sendo apenas 23 deles como jogos perfeitos. Em 2015, Max Scherzer quase conseguiu o 24º. O arremessador do Washington Nationals deixou escapar o feito no último strike, quando acertou o cotovelo do pinch hitter Jose Tabata, do Pittsburgh Pirates. Esta foi a 13ª vez que um jogo perfeito é estragado em uma situação de dois eliminados da nona entrada.
Scherzer conseguiu eliminar o adversário seguinte, Josh Harrison, e confirmou o seu primeiro no-hitter da carreira. No total, Max conseguiu 10 strikeouts. Foram 106 arremessos, sendo 82 deles marcados como strikes. Há controvérsias sobre a decisão de juízes, que não deveriam ter creditado um HBP, uma vez que Tabata se inclina para ser acertado.
9. Sequência sem corridas de Zack Greinke
Agora ace do Arizona Diamondbacks, Zack Greinke conseguiu a sexta maior sequência de entradas sem ceder uma corrida da história da MLB, com 45.2. A sequência de Greinke começou em 18 de junho, contra o Texas Rangers e seguiu contra o Chicago Cubs (23/ jun), Miami Marlins (28/ jun), New York Mets (4/ jul), Philadelphia Phillies (9/ jul) e Washington Nationals (19/ jul).
Greinke foi parado apenas na terceira entrada da partida contra o New York Mets, em 26 de julho, poucos dias após se tornar pai pela primeira vez. No total foram 43 strikeouts, somente 4 walks, 163 rebatedores desafiados, 19 rebatidas cedidas, 1 hit by pitch e adversários com AVG .124. A maior invencibilidade da MLB foi conquistada por Orel Hershiser, também dos Dodgers, em 1988, com 59 entradas. Curiosamente, Hershiser também se tornou pai durante a sequência.
10. Contratos inflacionados
Ainda que não tenha acontecido na temporada regular ou na post-season, algo chamou muito a atenção neste ano de 2015 e seguirá clamando por discussões no início de 2016. Será que os arremessadores valem mesmo tanto dinheiro?
O primeiro a puxar a fila não poderia ser outro, Zack Greinke. O Arizona Diamondbacks surpreendeu a todos ao conseguir um fechar com o “segundo ace” do Los Angeles Dodgers. O contrato foi firmado em seis anos e US$ 206 milhões, algo em torno de US$ 34 milhões por ano.
Os D-Backs só foram atrás de Greinke após a recusa de Johnny Cueto por um contrato seis anos e US$ 120 milhões, o que resulta em US$ 20 milhões por ano. Quem entrou em cena, portanto, foi San Francisco Giants, que assinou com o dominicano por US$ 130 milhões e também seis anos, US$ 21.67 milhões por temporada.
Já pela Liga Americana, o Boston Red Sox, ao final de uma ano decepcionante, também decidiu apostar alto no montinho. O nome é o de David Price, que atuou neste ano pelo Detroit Tigers e Toronto Blue Jays. O contrato é de sete anos e US$ 217 milhões, ou seja, US$ 31 milhões por temporada.