[PRÉVIA MLB] O que esperar da Divisão Leste da Liga Americana em 2016
Confira o que esperar de uma das mais imprevisíveis e equilibradas divisões da Liga
A Divisão Leste da Liga Americana vem mais imprevisível do que nunca. Pelo simples fato de não haver 1 ou 2 grandes favoritos e nem mesmo times considerados totalmente carta fora do baralho. Enquanto os gigantes New York Yankees e Boston Red Sox chegam sob desconfiança, apesar de uma breve constelação de nomes nos respectivos elencos, o Toronto Blue Jays aparece como um time mais encorpado e motivado. Já Tampa Bay Rays e Baltimore Orioles, na teoria, estão um patamar abaixo dos demais, mas quem garante que na prática será assim?
Confira abaixo mais uma prévia do The Playoffs para a temporada 2016 da MLB:
BALTIMORE ORIOLES
O Baltimore Orioles entra em mais uma temporada com mais interrogações do que exclamações. Apesar de praticamente manter toda a base do ano passado, que teve 50% de aproveitamento na temporada, e reforçar ainda mais o já potente ataque – terceiro melhor em home runs em 2015 -, Baltimore está numa divisão muito difícil e parece ter problemas ainda na rotação e na questão física do time – tem muitos jogadores que sofrerem recentemente lesão. Difícil imaginá-los indo longe assim.
O time ao menos trabalhou na offseason. Trouxe Yovani Gallardo, uma interessante adição para a rotação – mas precisavam de mais. Manteve Chris Davis – os Orioles renovaram por sete temporadas com o primeira-base, que receberá US$ 161 milhões no período -, líder em home runs na última temporada, com 47, e ainda se reforçou com Pedro Alvarez e o coreano Hyun-soo Kim, todos nomes que prometem formar um lineup ainda potente. Isso sem falar de Manny Machado, Adam Jones e etc.
A questão principal é a rotação titular – que ainda tem Chris Tillman, Ubaldo Jimenez, Miguel Gonzalez, Kevin Gausman -, que não me passa confiança. Vale lembrar que no ano passado, a rotação teve 4.53 de ERA, a segunda pior de toda a MLB. O bullpen se mantém com os ótimos Darren O’Day, Zach Britton e Brian Matusz. Disso a torcida dos O’s não pode reclamar.
Tendo um técnico tão bom quanto Buck Showalter, não duvido que os Orioles possam surpreender, se aproveitando ainda das deficiências dos rivais de divisão e trabalhando bem com o ataque.
Mas é difícil crer que Baltimore consiga chegar à pós-temporada dessa vez. Certo é que os jogos deles, contra quem quer que seja, serão bastante interessantes.
Campanha em 2015: 81-81
Melhor arremessador: Yovani Gallardo – recém chegado, teve uma temporada no Texas Rangers após outras oito no Milwaukee Brewers. E em Arlington, ele teve seu melhor ERA da carreira considerando apenas temporadas com mais de 10 jogos como titular, 3.42. Mesmo assim, os Orioles ainda precisariam de mais gente confiável para auxiliá-lo no montinho.
Melhor rebatedor: Chris Davis assinou um novo contrato, de valor e tempo bem discutíveis para um jogador de 30 anos, mas estamos falando do líder em home runs de 2015, com 47. É um jogador de cleanup que todo time gostaria de ter. Fato é que ataque não será problema para Baltimore, que ainda conta com Adam Jones, Manny Machado, que também poderiam ser os escolhidos para esse tópico.
Briga por: ter mais vitórias que derrotas.
BOSTON RED SOX
Depois de uma temporada terrível (de novo), o Boston Red Sox elegeu os dois fatores para essa decepção: a diretoria e o time de arremessadores. Para a primeira questão, apostou em Dave Dombrowski, que após anos nos Tigers, assumiu a presidência dos Red Sox para fazer coisas melhores do que vinham sendo feitas – principalmente as contratações mal planejadas de Pablo Sandoval e Hanley Ramirez.
E ele começou com tudo, investindo em pitchers. Trouxe um dos melhores disponíveis, David Price – que também contratou em Detroit. Pagou BEM caro, mas é aquela coisa né… desespero bateu. A questão é que só veio Price, mas o resto da rotação ainda é questionável, com Clay Buchholz, Rick Porcello, Joe Kelly e Eduardo Rodriguez. O time investiu também no bullpen, trazendo um dos melhores closers da Liga, Criag Kimbrel. No geral, Boston ainda ficou devendo no quesito elenco de arremessadores, mas trouxe dois dos melhores disponíveis.
No time de campo, grandes nomes, mas olho na molecada. Em especial, o excelente Xander Boagerts, que conseguiu brilhar numa temporada muito tuim do seu time, fechando o ano com 32% de aproveitamento no bastão. Mookie Betts, outra prata da casa, também foi uma das boas notícias de 2015, especialmente na defesa, um dos grandes problemas do time. O cubano Rusney Castillo também deve jogar mais.
David Ortiz fará sua última temporada na MLB, e depois de anotar 37 home runs em 2015, por que não esperar algo desse nível? O que eu não acredito é em Sandoval ou Ramirez, claramente dois grandes erros dos Meias Vermelhas. Mesmo assim, eles seguem titulares. A boa notícia é que Hanley deve jogar apenas no infield agora, visto que suas atuações no campo externo foram terríveis!
A meu ver, os Red Sox certamente vêm mais fortes, porém, falta ainda profundidade no elenco, especialmente entre arremessadores, o que pesa muito se compararmos com outros grandes times da liga. Por isso, aposto que dessa vez eles brigarão por playoffs e título de divisão, mas não os vejo brigando pelo título, pelo menos não com o roster atual.
Campanha em 2015: 78-84
Melhor arremessador: David Price – grande contratação dos Red Sox na temporada, Price tem a missão de finalmente elevar o nível da rotação titular da equipe, que foi tão criticada pelo quesito em 2015. Ele teve uma das melhores temporadas da carreira no ano passado, tendo jogado pelo combalido Detroit Tigers e surpreendente Toronto Blue Jays. Price fechou o ano com ERA de 2.45, FIP de 2.78 e WAR de 6.4 Faltou brilhar nos playoffs, “apenas”.
Melhor rebatedor: David Ortiz – existem outros ótimos rebatedores em Boston, mas Big Papi é Big Papi. Em sua já certa última temporada da carreira, certamente levará muita comoção a vários ballparks, mas o vejo ainda muito focado em rebater bem e jogar em alto nível, mais que apenas festejar sua despedida. Lembrando que os 37 HRs de 2015 foram a melhor marca dele na MLB desde 2006.
Briga por: Playoffs
(Foto 1: Twitter/Boston Red Sox)
(Foto 2: Reprodução YouTube)
NEW YORK YANKEES
Os Yankees fizeram uma temporada bem acima do esperado em 2015. Foram aos Playoffs contrariando todas as previsões, e deram adeus na rodada de Wild Card, mas por tudo (ou nada) que se esperava do time, podemos dizer que foi bom sim. Quer dizer, seria bom em outra franquia. Em Nova York, nada além de título de World Series é levado em consideração. Mesmo quando você tem um elenco velho, cheio de lesões, arremessadores questionáveis e perdeu seu maior ídolo no ano anterior. Isso posto, vamos analisar os Yankees numa ótica de franquia normal e esquecer os 27 anéis que descansam no Bronx.
A primeira questão, como já mencionado, é o elenco velho, que leva à segunda, que são as lesões. Mark Teixeira (que fez uma temporada muito boa) e Jacoby Ellsbury, por exemplo, perderam exatamente 51 jogos cada por lesão. Estamos falando de dois dos maiores investimentos do time. Alex Rodriguez, por sua vez, se manteve saudável, e foi um dos grandes nomes do time em 2015. Tudo indica que será importante de novo, na provável penúltima temporada da carreira.
No montinho, Masahiro Tanaka jogou mais (partidas) que o esperado – lembrando que muita gente apostava que ele faria uma cirurgia Tommy John a qualquer momento, mas fez apenas uma cirurgia mais leve no cotovelo após o fim da temporada. Só que jogou menos (em qualidade) que o esperado. Precisa jogar melhor. Falando em alto nível, pensei em falar de C.C. Sabathia, mas esse já é caso perdido e foi parar até em clínica de reabilitação por vício em álcool.
Bom, com tantos problemas com os medalhões, pelo menos algo bom aconteceu com os Yankees e deve ter efeito para este ano e os próximos: jovens tiveram mais chance. O outfielder Scott Heathcott, o segunda-base Rob Refsnyder e o arremessador Luis Severino são alguns dos calouros que se destacaram e prometem bons resultados agora com um ano de experiência nas costas. Sem contar o 1B Greg Bird, certamente o melhor dos prospects, que substituiu muito bem Mark Teixeira quando necessário… MAS ele teve uma lesão detectada na offseason e não deve jogar em 2016. Uma pena.
Como podem ver, o elenco dos Yankees em 2016 será quase o mesmo que em 2015. Uma única exceção foi a adição de Starling Castro, uma contratação que me agradou bastante. Jogador que teve altos e baixos ano passado, nos Cubs, mas tem um histórico bom. E jogando na segunda base resolverá o grande problema do time nova-iorquino, que vinha sendo para definir um titular na posição. com capacidade de ser bom na defesa e no ataque – só eu não joguei ali.
Ah, e tem o bullpen! Isso sim promete. Aroldis Chapman chegou para reforçar o time de relievers, que provavelmente tem agora três dos mais letais arremessadores da Liga na função: Chapman (1.63 de ERA), Dellin Betances (1.50 de ERA) e Andrew Miller (1.90 de ERA). Vale dizer que os três tiveram média superior a 14 strikeouts a cada 9 entradas. Impressionante! Deus Mariano Rivera aplaudiria.
A questão final é que o time chega para esta temporada mais cotado que na anterior. Porém, a divisão também está mais equilibrada, forte… ficar fora dos Playoffs não deve ser considerado absurdo – mas vai dizer isso lá para a torcida yankee…
Campanha em 2015: 87-75 (eliminado pelos Astros na 1ª rodada do Playoffs)
Melhor arremessador: Masahiro Tanaka – como já dito, Masahiro Tanaka se manteve quase saudável, mas decepcionou um pouco nas atuações. Subiu ERA de 2.77 para 3.51 de 2014 para 2015, e FIP, de 3.04 para 3.98. Sem contar os 25 home runs que cedeu, marca muito alta para um arremessador de alto nível. Mas ainda é de longe o melhor pitcher do elenco e será o ace da equipe. Passa pelo japonês as chances dos Yankees em 2016.
Melhor rebatedor: Alex Rodriguez – A-Rod teve uma excelente temporada em 2015, seu retorno à MLB após um ano parado. Foram 33 home runs, sua melhor marca em sete anos. Faltou manter uma média melhor de percentual no bastão, mas esse é um problema geral da equipe dos Yankees. No elenco atual, pra mim, segue sendo um jogador fundamental para o ataque. E deve seguir motivado por mais recordes para bater.
Briga por: Playoffs
(Foto 1: Divulgação/ MLB)
(Foto 2: Reprodução Instagram)
TAMPA BAY RAYS
O Tampa Bay Rays, que se destacou por esses dias ao levar a MLB de volta a Cuba, vem para mais um ano de coadjuvante. O que não significa que o time não possa de alguma forma fazer frente aos rivais de divisão. Principalmente por terem uma rotação muito interessante.
A começar por Chris Archer, um ace de muita qualidade, que esteve nas conversas para concorrer ao prêmio Cy Young, mas não manteve o incrível início de ano para isso. Porém, jogou 34 vezes e finalizou com FIP de 2.90, o que mostra que ele pode ser confiável numa maratona enorme como a da MLB. Jake Odorizzi aparece muito bem como segundo da rotação, enquanto Matt Moore e Drew Smyly, que jogaram pouco ano passado, devem acrescentar muito em 2016.
O bullpen é um pouco confuso e falhou muito na temporada passada, mas conta com o ótimo closer Brad Boxbeger, líder da Liga Americana em saves ano passado, com 41. Além disso, Alex Colome e Xavier Cedeno também tiveram desempenhos destacados e prometem ainda mais.
Juntando arremessadores e a defesa muito forte, que tem o excelente Kevin Kiermaier, os Rays tiveram em 2015 a quarta melhor marca em corridas cedidas, com 642. Já atacando, foram apenas 644, segunda pior marca da Liga Americana. Isso precisa melhorar se Tampa Bay quiser chegar a algum lugar.
Evan Longoria ainda é o principal nome no quesito ataque. O lineup ganhou ainda Steve Pearce, ex-Orioles, que já teve dias melhores e vive machucado, mas não deixa de somar um pouco ao elenco. E vieram também Logan Morrisson, ex-Mariners, e Corey Dickerson, ex-Rockies, este que vem de duas temporadas com aproveitamento superior a 30% no bastão.
Lutar contra os grandes da divisão será difícil, mas nada impossível. Depois de duas temporadas seguidas fora dos playoffs, os Rays devem completar a terceira, mas, aqui na AL East, tudo pode acontecer.
Campanha em 2015: 80-82
Melhor arremessador: Chris Archer – ele teve um início de temporada incrível, com ERA de 0.84 em cinco jogos iniciados. Porém, caiu um pouco nos meses seguintes e manteve uma condição estável, fechando a estatística em 3.23, que é mais ou menos o que ele fez na duas temporadas anteriores. Já seu FIP foi o melhor da carreira, com 2.90. Fato é que ele tem 27 anos e acredito que ainda não chegou ao seu auge e não duvido que isso aconteça em 2016.
Melhor rebatedor: Evan Longoria – os Rays deixam a desejar no quesito potência no bastão, então, só resta destacar aqui o Longoria, uma das bandeiras da história recente de sucesso da franquia. Apesar de em 2015 ter registrado seus piores números da carreira (considerando temporadas de mais de 100 jogos) em home runs (21) e corridas impulsionadas (73), ele manteve sua média em aproveitamento no bastão e chegadas em base, sendo um jogador bem importante no lineup. A questão é: ele precisa de ajuda se Tampa Bay quiser ir mais longe.
Briga por: Playoffs via Wild Card – mas será bem difícil.
(Foto: Vladimir Molina Espada/ Minrex Cuba)
TORONTO BLUE JAYS
O Toronto Blue Jays teve um 2015 paradoxal. Festejou chegar aos Playoffs, encerrando a maior seca da MLB naquele momento, de 22 anos. Mas lamentou ter caído na final da Liga Americana, diante do campeão Kansas City Royals. Lógico, perder é sempre ruim, mas perder quando você monta seu time todo baseado em título e faz uma campanha sensacional como os Jays fizeram na temporada regular, dói. Não só pelos números, mas pelas incríveis atuações – como esquecer os incríveis jogos contra os Yankees valendo título de divisão?
Toronto decidiu que queria ser campeão no meio da temporada passada, quando trouxe David Price (que já partiu para Boston) e Troy Tulowitzki (que ficou). Josh Donaldson estava lá desde o começo do ano, mas depois do All-Star Game virou uma máquina e foi MVP sem contestação – menos se você é fã de Mike Trout. Não foi campeão, mas deixou o legado para o elenco, que certamente melhorou muito no quesito auto-estima.
O lineup, na minha opinião, segue com a sequência mais potente da Liga – estamos falando de Tulowitzki, Donaldson, Jose Bautista, Edwin Encarnacion. Os três últimos citados tiveram 30+ home runs e 100+ RBIs na temporada, cada um. Difícil escapar de levar corridas enfrentando essa galera 3, 4 vezes num jogo. Toronto, não por acaso, liderou a MLB em home runs em 2015, com 232. Também foi o segundo melhor em aproveitamento no bastão, com 26,9%. Ainda vale citar o excelente trabalho de defesa no campo externo, que além de Bautista conta com o monstro Kevin Pillar, e o catcher Russell Martin, um dos melhores da MLB na função (e que ainda contribuiu em 2015 com 23 HRs).
A preocupação maior no Canadá é em relação à rotação de arremessadores. Sem Price, que dava peso ao elenco, e também Mark Buehrle, Marcus Stroman, agora saudável, aparece como grande nome. No mais, jogadores imprevisíveis na minha visão, como R.A Dickey (e sua knuckerball), Marco Estrada e J.A. Happ, que volta ao time após dois anos. Boa adição na offseason foi Drew Storen, ex-Nationals, que pode dividir com Roberto Osuna a posição de closer. O bullpen, porém, carece de nomes mais confiáveis para situações de jogo de 6ª, 7ª entradas.
Será que agora vai para os Blue Jays? Há muitas possibilidades. Dos cinco times da divisão, é o único que eu colocaria numa lista de potenciais candidatos a jogar a próxima World Series.
Campanha em 2015: 93-69 (eliminado na final da Liga Americana, pelo Kansas City Royals)
Melhor arremessador: Marcus Stroman – depois de uma empolgante temporada de estreia, em 2014, Stroman se machucou e foi limitado a apenas 4 jogos em 2015, mas também empolgou, com ERA de 1.67. Ou seja, não há dúvidas que estamos falando do ace dos Blue Jays para 2016. Resta torcer para que ele se mantenha saudável.
Melhor rebatedor: Josh Donaldson – quando se tem Encarnación, Bautista e Tulowitzki no mesmo time, fica difícil ser o melhor rebatedor, mas Donaldson é. O MVP da Liga Americana teve 29,7% de aproveitamento no bastão e 37,1% de chegadas em base, sem contar os 41 home runs e 123 corridas impulsionadas em 2015 (estas duas últimas, segundas melhores marcas em toda a MLB nos respectivos quesitos).
Briga por: Playoffs/Título
(Foto: Reprodução MLB.com)
PRÉVIA MLB 2016 – THE PLAYOFFS
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