Os melhores prospectos da classe de 2020 do Draft da MLB
Liderada por Spencer Torkelson, turma de 2020 é repleta de talentosos jogadores; confira os principais nomes
2020 está sendo um ano bem conturbado e atípico. Infelizmente, por causa do coronavírus, a temporada regular do nosso amado beisebol ainda não começou. Porém, com a próxima edição do Draft da MLB chegando por aí nesta semana (mais exatamente nos dias 10 e 11 de junho), é momento de olhar para aqueles jogadores que poderão representar o futuro da liga nos anos vindouros.
Pensando nisso, o The Playoffs decidiu apresentar uma lista com o top 10 dos melhores prospectos disponíveis na classe 2020 do Draft da Major League Baseball. Quem poderá ser escolhido pelo seu time do coração?
Vamos conferir!
1. Spencer Torkelson, 1B, Arizona State
Virtual escolha número 1 (posição que pertence ao Detroit Tigers) e melhor prospecto de toda a classe (incluindo universitários e nomes vindos do high school), Torkelson teve uma passagem deveras interessante pelos Sun Devils (Conferência Pac-12, ao lado de UCLA, Oregon State e Stanford). Em seu primeiro ano no programa de beisebol de Arizona State, o infielder impressionou ao precisar de apenas 25 jogos para quebrar o recorde de home runs por um freshman – 11 HR’s, marca pertencente a Barry Bonds, histórico jogador de Pittsburgh Pirates e San Francisco Giants.
Ao todo, foram 25 home runs no ano de novato, com outros 23 no ano de sophomore e mais seis no abreviado ano de 2020, totalizando 54 HR’s em 129 partidas. Nada mal! Spencer Torkelson, por duas vezes, foi escolhido unanimemente como All-American. Spencer e Hunter Bishop, na temporada 2019, se tornaram os primeiros All-Americans unânimes de Arizona State desde 2009 (Mike Leake e Jason Kipnis).
Medindo 6’1″ (1,85m) e pesando 220 libras (99,7 kg), o destro de 20 anos de idade é disciplinado no bastão e distribui rebatidas poderosas para todos os lados do campo, fazendo os scouts acreditarem em um expressivo desempenho do jovem no nível profissional do jogo. Torkelson colecionou boas estatísticas na NCAA: 33,7% de aproveitamento no bastão, .729 SLG, .483 OBP, 110 walks e 104 strikeouts sofridos.
Só um milagre fará o Detroit Tigers não escolher Spencer Torkelson, próximo de ser tornar o primeiro de sua posição a figurar no topo do recrutamento da MLB. Talvez já o vejamos nas Majors em 2021.
2. Austin Martin, 3B/OF, Vanderbilt
Cogitado nos mocks como 2ª escolha geral do Draft, tendo o Baltimore Orioles como destino, Austin Martin é o melhor pure hitter de toda a classe, sendo oriundo – na minha humilde opinião – de um dos melhores programas de beisebol universitário dos EUA: Vanderbilt Commodores (da toda poderosa Conferência SEC). Caso Martin seja confirmado como escolha dos Orioles, ele poderá entregar ao time de Baltimore uma versatilidade posicional digna de fazer inveja a qualquer time; apesar disso, os scouts acreditam que o jovem rebatedor precisa aprimorar suas capacidades atléticas e melhorar as ferramentas necessárias para atuar em qualquer posição do diamante.
Em três anos nos atuais campeões nacionais, Austin Martin teve 37,5% de aproveitamento no bastão, .479 OBP, .521 SLG e 175 rebatidas em 118 partidas. Martin liderou a Divisão I da NCAA entre os rebatedores com 87 corridas, liderando a Conferência SEC em aproveitamento no bastão (39,2%) e OBP (.486) como sophomore no ano de 2019.
Antes do cancelamento da temporada 2020, o rebatedor de Vanderbilt entregou novamente um desempenho capaz de ratificar a condição de melhor rebatedor da turma de 2020; ao longo de 16 jogos, o aproveitamento no bastão foi de 37,7%, OBP de .507 e SLG de .660 (melhores OBP e SLG de sua carreira universitária).
Se os Orioles “vacilarem” e deixarem Austin Martin passar, acho difícil ele ficar de fora do top 5.
3. Asa Lacy, LHP, Texas A&M
No terceiro posto, aparece o primeiro arremessador da lista. Melhor prospecto da classe nessa posição, Asa Lacy deve acabar indo para o Miami Marlins se os Orioles confirmarem a seleção de Austin Martin (nome muito agradável à franquia da Flórida, graças ao diretor de scouting DJ Svihlik, oriundo de Vanderbilt). Lacy é oriundo de Texas A&M, outra universidade integrante da Conferência SEC. E esta não será a primeira passagem do arremessador pelo recrutamento da MLB: em 2017, o Cleveland Indians draftou o jogador na 31ª rodada (Martin também foi escolhido pelos Indians na ocasião, 37ª rodada).
Vindo do bullpen como freshman e integrando a rotação titular enquanto sophomore, Asa Lacy se colocou como o terceiro melhor na Divisão I da NCAA quanto ao aproveitamento no bastão dos adversários (16,2%) e oitavo melhor na média de strikeouts a cada nove entradas (13,2). Tirando proveito de sua altura (6’4″/1,93 m), Asa melhorou a velocidade de sua bola rápida (87-91 mph na época do high school, 92-97 mph mais recentemente), complicando a vida dos adversários. Seu arsenal ainda contempla algumas relevantes breaking balls (bola de curva, slider e changeup).
A maior necessidade de desenvolvimento para Lacy está no comando e controle dos arremessos. Mesmo com esses problemas, ele se prova capaz de induzir swings no vazio em suas passagens pelo montinho. Seu desempenho e capacidades lhe valem comparações com o fechador Yankee Aroldis Chapman e com o ace dos Dodgers Clayton Kershaw.
Em 38 jogos por Texas A&M Aggies, Asa Lacy apresentou ERA de 2.32 e 178 strikeouts ao longo de 128 entradas arremessadas. Na curta temporada 2020 da NCAA, disputou quatro partidas como titular e esteve praticamente intocável, acumulando ERA de 0.75, WHIP na casa dos 0.71 e uma média de 17,3 strikeouts a cada nove entradas.
4. Nick Gonzales, 2B/SS, New Mexico State
Seguindo para o quarto posto, chegamos ao infielder Nick Gonzales. Tido como o terceiro melhor pure hitter da classe (atrás de Austin Martin e Spencer Torkelson), Gonzales é oriundo de New Mexico State – integrante da fraca conferência Western Athletic – e aparece em posições variadas nos vários mocks pela internet: de 4ª escolha geral (Kansas City Royals) segundo a MLB a 7ª escolha geral (Pittsburgh Pirates) segundo a CBS Sports.
Apesar do nível na Western Athletic não ser dos melhores, Nick Gonzales colecionou números expressivos ao longo de 128 partidas por New Mexico State. Seu aproveitamento foi de 39,9%, com OBP de .502 e SLG de .747. No curto 2020 para o beisebol universitário, o jovem de 5’10” (1,78m) e 190 lbs (86,2 kg) conseguiu números simplesmente absurdos: aproveitamento de 44,8%, OBP de .610 e SLG de 1.155, com 12 home runs e 36 corridas impulsionadas ao longo de apenas 16 jogos – nossa!
Nick Gonzales foi eleito MVP da Cape Cod League (liga de verão jogada em Massachusetts) em 2019, se colocou como um dos melhores rebatedores de toda a NCAA enquanto sophomore (43,2%/.532/.773) e é comparado a Keston Hiura, draftado na 9ª posição geral pelo Milwaukee Brewers no recrutamento de 2017. A dúvida para alguns scouts reside em saber qual posição ele ocupará, defensivamente falando.
5. Emerson Hancock, RHP, Georgia
Emerson Hancock, arremessador de Georgia Bulldogs, aparece no quinto posto da minha relação. O jovem destro de 21 anos deve ser o segundo da posição a ser draftado depois de Asa Lacy. Escolhido pelos Diamondbacks no Draft de 2017, Hancock preferiu atuar por UGA e pode ser considerado o melhor arremessador da primeira metade da temporada universitária de 2019 – foram oito corridas cedidas durante dez jogos como titular.
Entretanto, uma lesão o limitou a 14 jogos durante 2019, com ERA de 1.99 e 97 strikeouts ao longo de 90.1 entradas arremessadas. Mesmo em 2020, seu nível de jogo estava longe do ideal (quatro jogos como titular, 2-0, 3.75 ERA, 24 entradas arremessadas); isso não o prejudicou nas análises e mocks, que o projetam em boas posições no recrutamento. Emerson Hancock tem características parecidas com as de Casey Mize (1ª escolha geral em 2018): os dois jogaram na Conferência SEC, desfalcaram seus times por algum tempo quando sophomores e possuem um arsenal bem variado.
Hancock possui uma bola rápida que varia entre 94 e 99 mph, um slider na casa das 80 mph, uma bola de curva muito útil na época do high school e um changeup necessitado de melhorias quanto à localização. Com um nível de controle corporal de respeito e um bom comando do arsenal, o arremessador pode ser um dos primeiros a chegar na rotação titular de algum time nas Grandes Ligas se permanecer saudável.
6. Garrett Mitchell, OF, UCLA
Medindo 6’3″ (1,90 m), pesando 204 lbs (92,5 kg) e sexto nome nesta relação, Garrett Mitchell é um outfielder oriundo de UCLA Bruins, componente da Conferência PAC-12. Durante sua passagem pela NCAA, mostrou uma velocidade acima da média e capacidades defensivas sólidas, mesmo precisando lidar com os desafios de sua diabetes tipo 1. Porém, são suas habilidades como rebatedor que o credenciam como um prospecto altamente desejável no recrutamento deste ano – habilidades estas provadas também em treinos de rebatidas, revelando uma evolução em relação ao seu tempo no high school.
Como sophomore, Mitchell anotou 32 rebatidas multi-base, além de 34,9% de aproveitamento no bastão, OBP de .418 e SLG de .566 em 62 partidas. Durante 2020, o outfielder de UCLA passou pelo bastão 62 vezes, com aproveitamento de 35,5%, OBP de .425 e SLG de .484.
É difícil prever o momento no qual Garrett Mitchell será selecionado. Sites como o da MLB e o The Athletic o projetam na 16ª posição, indo para o Chicago Cubs. Porém, o jovem Bruin pode aparecer no top 10, caso algum time se sinta conquistado por suas habilidades e potencial.
7. Zac Veen, OF, Spruce Creek High School
Finalmente, surge o primeiro e melhor prospecto vindo diretamente do high school. Caros leitores não acostumados ao Draft da MLB, aqui vai uma rápida explicação: de modo diverso ao que ocorre nos recrutamentos de NBA e NFL (e em parte, ao que acontece no Draft da NHL), nem todos os jogadores chegam a passar pelo nível universitário quando selecionados. Bom, falando do sétimo nome desta relação, o destro Zac Veen é oriundo da Spruce Creek HS, localizada no estado da Flórida.
Mesmo sendo agora considerado um dos melhores da classe, Veen só viu suas chances melhorarem mais recentemente; em 11 jogos na última primavera, garantiu três home runs, quatro rebatidas duplas, 17 roubos de base, 50% de aproveitamento no bastão, .627 OBP e .969 SLG.
Ofensivamente falando, o jovem de 18 anos lembra Cody Bellinger e Kyle Tucker. Sua altura (6’4″/1,93m) o ajuda a ter um swing explosivo digno de chamar a atenção de todos os scouts; swing ao qual ainda pode ser adicionado uma boa dose de força. Defensivamente, o desenvolvimento físico pode estabelecê-lo no campo direito ao longo do tempo – braço atlético ele já tem.
Corredor acima da média, seu poder e velocidade no bastão são expressivos, reforçando sua habilidade em trabalhar bem a bola consistentemente.
8. Reid Detmers, LHP, Louisville
Vamos com mais um arremessador. Reid Detmers, de Louisville (Conferência ACC), foi selecionado pelos Braves no Draft 2017; preferiu ir para a universidade e se tornou um dos melhores arremessadores canhotos disponíveis na classe. Detmers, quando sophomore, ajudou sua equipe a chegar nas semifinais da College World Series 2019 (perdendo para a futura campeã Vanderbilt), definiu o novo recorde de vitórias de Louisville para um arremessador (13, líder da Divisão I) e strikeouts (167, segundo melhor na Divisão I).
Reid Detmers, Filthy Curveball (one of his stadium record 16 Ks in 7.2 innings). 😮 pic.twitter.com/RBMiO3iW4L
— Rob Friedman (@PitchingNinja) March 23, 2019
No curto 2020, foram 48 strikeouts, 1.23 ERA e uma média de 19.6 a cada nove entradas, reforçando o grande potencial do jogador.
O arsenal de arremessos de Reid Detmers é variado. Sua bola rápida pode alcançar 94 mph e causa estrago nos adversários, graças a um excelente comando do arremesso. A letal bola de curva fica nas 72-76 mph e o changeup é bem efetivo. O canhoto tem tanta facilidade para encontrar a zona de strike e localizar os arremessos, que ele leva vantagem contra os arremessadores mesmo se sua bola rápida estiver na casa das 80 mph; isso gera alguma dúvida entre os scouts sobre seu possível futuro na MLB.
É um forte nome, tendendo a passar rápido pela MiLB e chegar nas Grandes Ligas, integrando níveis intermediários da rotação titular de quem o selecionar.
9. Max Meyer, RHP, Minnesota
A lista está quase acabando, mas ainda dá tempo para falar de Max Meyer, arremessador de Minnesota (Conferência Big Ten). Após ser escolhido apenas na 34ª rodada do Draft de 2017, preterido por dúvidas sobre sua fisicalidade, Meyer decidiu cumprir sua passagem pelos Gophers. Como novato, o destro colecionou 16 saves vindo do bullpen e colaborou com um bom desempenho na seleção universitária dos Estados Unidos, registrando sete saves.
No ano seguinte, o desesperado time de Minnesota migrou Max Meyer da condição de reliever para a rotação titular durante um mês. Os números do garoto se mostraram ótimos: ERA de 2.11 (segundo melhor da Big Ten) e 0.69 na seleção estadunidense, posteriormente. O seu arsenal de arremessos contém o melhor slider de toda a classe, chegando a 91 mph. A bola rápida de quatro costuras é perigosa, podendo alcançar as 100 mph; o changeup pode se tornar um arremesso mais sólido dento do repertório.
Um possível defeito em Max Meyer? A altura. Medindo 6’0″ (1,83m), existe uma dúvida quanto ao nível de seu desempenho no montinho. Tentando compensar isso, Meyer encontra a zona de strike de modo bem fluido, ampliando sua dominância.
10. Heston Kjerstad, OF, Arkansas
Fechando a lista, Heston Kjerstad. Outfielder de Arkansas Razorbacks (Conferência SEC), o jogador de 21 anos ajudou sua equipe na conquista da vaga para a College World Series duas vezes seguidas – em 2018, os Razorbacks perderam a final nacional contra Oregon State; em 2019, foram eliminados na 1ª rodada após derrotas contra Florida State e Texas Tech. Obtendo 14 home runs, Kjerstad quebrou o recorde de HR’s de um novato de Arkansas e anotou outros 17 no segundo ano de NCAA.
Atuando na concorrida SEC (150 jogos), Heston impulsionou 129 corridas, rebateu 37 home runs, acumulando 34,3% de aproveitamento, .421 de OBP e .590 de SLG
Entre os rebatedores canhotos da classe de 2020, Heston Kjerstad só fica atrás de Spencer Torkelson no quesito potência. Agressivo e com um swing complicado, costuma sofrer vários strikeouts e possui força/velocidade no bastão suficientes para distribuir rebatidas por todo os setores do campo. Defensivamente, o jovem possui força e solidez no braço, requisitos importantes para atuar no campo externo.
Foto: Divulgação/MLB