Os dias que mudaram minha percepção sobre o beisebol
Como a atmosfera e a experiência do All-Star Game me fizeram repensar o esporte mais antigo dos Estados Unidos
SAN DIEGO (EUA) – Meus companheiros de The Playoffs e quem me conhece sabe, beisebol não está na lista de meus esportes favoritos. As transmissões televisivas ganhavam raros minutos da minha atenção, e até mesmo no ano passado quando tive a oportunidade de assistir San Diego Padres contra Arizona Diamondbacks, no Petco Park, me atentei a apenas dois ou três innings, o restante do tempo foi destinado às atrações dentro do estádio.
Pouco mais de seis meses depois, o destino me colocaria novamente no Petco Park. Opções pessoais me levaram de volta à bela e ensolarada cidade de San Diego e a grande oportunidade de fazer a cobertura in loco do evento das estrelas da MLB, o All-Star Game.
A expectativa profissional de cobrir um acontecimento de tamanha grandiosidade tomou conta de mim: estar em coletivas, falar com grandes astros e ver os bastidores de uma grande liga. Tudo parecia sensacional.
Mas o lado de quem ama esportes também fala mais alto, e toda a atmosfera do All-Star Game já foi tomando conta desde o momento em que me dirigi ao estádio para pegar minha credencial. O entorno era tomado por torcedores, bares e estabelecimentos decorados e uma série de atividades para os fãs curtirem. Não, se você está lendo esse texto e teve a oportunidade de ver um jogo durante a Copa do Mundo de 2014 e está pensando que é igual esqueça, é no mínimo três vezes maior.
Apesar de toda a organização e sinalização para chegar ao local de retirada da credencial, o caminho foi lento, pois queria olhar e conhecer tudo. De lá, retorno para casa com a imensa vontade que logo chegue o dia do Home Run Derby. Afinal, as rebatidas são os momentos legais no beisebol, certo?!
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Reentrar no Petco Park e ser recebido por mascotes de todos os times foi uma sensação fantástica, me imaginei como criança e como seria se isso pudesse ter acontecido nos velhos estádios brasileiros. Aliás, na torcida era possível encontrar torcedores com camisas dos Dodgers, Giants, Angels e Athletics, todos rivais locais do anfitrião San Diego Padres, e claro, todos confraternizando juntos em um bom barbecue ou uma bela e caprichada porção de nachos.
Fosse do queridinho da casa, Will Myers, do vencedor Giancarlo Stanton ou até mesmo do “inimigo” Corey Seager, a cada rebatida para fora do muro eram gritos de adrenalina vindos da torcida, que seguia os telões do estádio e ensandecidamente chacoalhava o centro de San Diego.
O fim do Home Run Derby só me deu mais vontade chegar ao dia seguinte para acompanhar o grande jogo das estrelas. Uma pena não ver Madison Bumgarner e Clayton Kershaw em campo, mas lá estava ele, o mito, a lenda, Big Papi David Ortiz. A torcida deu mais um show a parte, além do espetáculo em si. Foram os hinos dos Estados Unidos e do Canadá, foi a bandeira norte-americana estendida pelo gramado com a homenagem às Forças Armadas e aos veteranos de guerra, e não poderia faltar os caças passando rasantes pelo estádio. Foi um ótimo jogo, e mesmo sendo de estrelas e comemorativo, levado muito a sério pelos participantes, para deixar o espetáculo muito mais bonito.
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E foram nesses três dias que o beisebol me ganhou. E sim, dessa vez assisti mais do que dois innings. Não foram os nove por completo pois, aliás, eu estava lá para trabalhar. E foi no meio do quinto inning que o rádio da imprensa soou dizendo que Big Papi estaria na sala de entrevistas, larguei tudo e fui correndo para lá.
Falando ainda profissionalmente, foi com certeza a maior experiência que já tive em meus quase dez anos de jornalismo. Desde a preocupação e preparação que a equipe da MLB e do San Diego Padres têm com a mídia, a oportunidade de estar frente a grandes nomes do esporte como Ortiz, Stanton e Ned Yost, conversas de corredor com colegas norte-americanos e mexicanos, além de dividir o mesmo espaço com veículos como ESPN, Fox Sports, NY Post, NY Times, USA Today e outros que sempre foram fonte de inspiração para um The Playoffs que surgia embrionário em um projeto de faculdade.
Aproveito o espaço para agradecer à equipe da MLB Brasil pelo apoio, Caio Parente e Caleb Santos-Silva, que nos apoiou em busca da credencial. Ao coordenador internacional da MLB Mickey Chupin pela atenção dedicada conosco aqui nos Estados Unidos. Ao editor de MLB e co-fundador do The Playoffs comigo, Ricardo Pilat, que foi quem mais correu atrás dessa oportunidades, a todos os outros fundadores e redatores do The Playoffs que nos ajudam a levar a melhor notícia possível e, claro, a você leitor que é o grande responsável por onde chegamos hoje!
*Marco Miranda está em San Diego na cobertura especial do All-Star Game da MLB pelo The Playoffs.
(Crédito das Fotos: Marco Miranda – The Playoffs)