[ENTREVISTA] Leonardo Reginatto fala sobre sonho de chegar à MLB
Leonardo Reginatto exclusivo ao The Playoffs: 'o sonho é chegar à MLB e estamos na batalha diária para isso'
Leonardo Reginatto está batendo na porta da Major League Baseball há tempo. O curitibano chegou pela primeira ao Triple-A, último nível antes da MLB, em 2015, nas equipes afiliadas ao Tampa Bay Rays. Após aquela temporada, acertou com o Minnesota Twins, e novamente chegou ao Triple-A em 2016 e 2017. No entanto, a tão sonhada chance na principal liga de beisebol do mundo ainda não chegou.
Isso, porém, não diminui a esperança do infielder de 27 anos, presença frequente na seleção brasileira e um dos jogadores a defender o país no World Baseball Classic de 2013 e na eliminatória para a última edição do WBC. Atualmente no Rochester Red Wings, Leonardo conversou com a reportagem do The Playoffs sobre seu ano, a expectativa por um chamado que não vem, o planejamento para 2018 e o futuro do Brasil.
The Playoffs – Como você avalia a temporada até o momento? O que vê de melhor e de pior em relação aos anos anteriores?
Leonardo Reginatto – Este ano está sendo semelhante aos anteriores, estou rebatendo em torno de 28% de aproveitamento*, que é bom, defensivamente tenho jogado bem, atuando principalmente na 2ª e 3ª bases, mas o que está dificultando é que não tenho uma sequência de partidas. Jogo um dia, fico de fora um ou dois, depois atuo dois jogos, folgo outro, e isso atrapalha especialmente no ataque. Quando você joga sempre, vai pegando ritmo e ficando mais confortável. Estou tentando terminar (com aproveitamento) acima de 28%, meu pensamento como rebatedor é sempre terminar acima de 30%.
*NOTA DA REDAÇÃO: 27,9% era o aproveitamento dele até a a rodada de sábado.
The Playoffs – Você vê a possibilidade de ser chamado para a Major League Baseball pelo Minnesota Twins em 2017? Seu contrato termina no fim da temporada. O que você pretende, continuar com os Twins ou procurar novos ares?
Leonardo Reginatto – Sinceramente acho que, neste ano, é um pouco difícil (ser chamado para a MLB), não tenho jogado sempre e para mim seria uma surpresa. Os números estão aí, estou tendo uma temporada boa, e ninguém do front office me falou nada, meu empresário deve falar com alguém nessas próximas semanas para saber o projeto, tanto para este ano como para a próxima temporada, não há nada certo. Primeiro vou ouvir o que o Minnesota deseja e vou ver também se aparece a possibilidade de um time que tenha mais interesse, mais espaço, do que os Twins, até por isso não há nada definido para 2018, e uma decisão deve ocorrer mais para o fim da temporada.
The Playoffs – O Twins vêm em um processo de renovação, subindo jovens que atuaram com você em Rochester. Quem foi seu companheiro entre eles, e o que dá para esperar da franquia para os próximos anos?
Leonardo Reginatto – Joguei contra o (Placido) Polanco e o (Miguel) Sanó, atuei com o (Jose) Berrios este ano e contra o (Byron) Buxton, joguei contra e ao lado dele. Fico esperando a minha chance, já atuei bastante contra eles e, se chegaram lá, fico pensando o porquê de eu não ter a chance, se eles conseguiram, eu também posso conseguir. O sonho é chegar à MLB e estamos na batalha diária para isso.
The Playoffs – Você atuou com jovens talentos brasileiros como Eric Pardinho, Luiz Paz, Bo Takahashi, Gabriel Maciel, entre outros, na qualificatória do WBC. O que é possível falar sobre o potencial deles?
Leonardo Reginatto – Acho que a geração nova tem muito talento, o Eric (Pardinho) tem o que muitos arremessadores que assinam na idade dele não têm, velocidade [de arremesso], consegue comandar a bola de curva, está um passo à frente, por isso foi tão valorizado. Tem também o Gabriel Maciel, outfielder do Arizona Diamondbacks, mas é um processo. Ele ainda não estão prontos, não é só você arremessar a 90 milhas por hora ou saber correr, precisam aprender as características do jogo nos Estados Unidos, agora enfrentarão jogadores melhores. A geração tem tudo para explodir e ser de fato muito forte. Fico feliz de que o nome do Brasil seja mais comentado, me sinto parte do que está acontecendo, e desejo muita sorte a todos nessa caminhada.
The Playoffs – O Minnesota Twins comentou algo com você sobre os brasileiros que assinaram na abertura dessa janela internacional, chegou a pedir alguma ajuda ou informação?
Leonardo Reginatto – Ninguém falou comigo sobre os brasileiros, acho que os scouts falam mais entre si. Só uma vez perguntaram se eu conhecia o (Eric) Pardinho, alguém deve ter visto uma notícia, mas diretamente sobre eles, não me perguntaram.
The Playoffs – Você pretende disputar os Jogos Pan-Americanos de Lima, ou um eventual Pré-Olímpico? Na sua opinião, o Brasil tem chance de garantir vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio?
Leonardo Reginatto – Se eu tiver a oportunidade de jogar, e acharem que devo jogar, vestir a camisa do Brasil é sempre um orgulho e sempre queremos representar o nosso país. Acho que se a gente levar a seleção com os jogadores que estão no Japão e aqui nos Estados Unidos, temos uma equipe bem competitiva, é lógico que estamos atrás das potências latinas. Mas já ganhamos do Panamá, Colômbia, Nicarágua, acho que não somos mais aquela equipe sem chance, dá para competir e quem sabe ser mais uma zebra. Fácil não será, precisaremos jogar muito bem, mas acredito que o Brasil pode jogar em alto nível e classificar.
The Playoffs – Se todos os brasileiros que estão no exterior estiverem disponíveis, o que dá para imaginar de uma eventual seleção para a qualificatória do WBC em 2020/2021?
Leonardo Reginatto – Se todos da nova geração desenvolverem-se como esperado, chegando a um alto nível, a seleção brasileira seria mais forte do que a última, muitos jogadores voltarão mais maduros, com mais quatro anos de jogo, esse pessoal chega em um nível mais forte, e essa nova seleção será bem forte e com chance de classificação. Em 2021, se eu estiver jogando, e espero que sim, gostaria de fazer parte da seleção mais uma vez, mas isso deve vir por merecimento, não pelo que já fizemos, e sim para ajudar o time, jogar e ser um dos veteranos do time, passar toda a experiência das outra edições do WBC para os mais novos e levar o Brasil de novo ao torneio.
(Fotos: Koji Watanabe/Getty Images; Reprodução Instagram/Leonardo Reginatto)