[ENTREVISTA] Yan Gomes fala sobre retorno como titular dos Indians, World Series, temporada 2017 e mais
Catcher brasileiro atendeu a jornalistas brasileiros nesta quinta-feira; confira o bate-papo
Yan Gomes faz em 2017 sua sexta temporada na MLB, a quinta pelo Cleveland Indians. Depois de rapidamente ter chegado ao auge, com o prêmio Silver Slugger de melhor catcher ofensivamente em 2014, e ter convivido com muitas lesões nas últimas temporadas, o brasileiro quer se manter saudável e recuperar o bom desempenho ofensivo. Ele começou o ano como titular dos Indians e assim vem sendo.
A titularidade, segundo Yan, não é problema. O jogador garantiu, em entrevista coletiva para jornalistas brasileiros nesta quinta-feira, que o técnico Terry Francona deixou claro, logo depois do fim da temporada 2016, que ele seria o catcher titular de Cleveland na temporada, apesar de ter ficado na reserva durante a World Series, quando retornou de lesão e viu seu backup, Roberto Perez, jogar as sete partidas, tendo Gomes entrado em algumas partidas. “Eu não recuperei minha posição, porque eu nunca perdi [a posição]”, afirmou.
O The Playoffs participou da conferência com Yan Gomes e traz agora as principais declarações do jogador da Tribo, incluindo nossas perguntas e também os assuntos trabalhados pelos colegas da imprensa. Confira!
THE PLAYOFFS – Depois de ter sido backup do Roberto Perez na World Series, quando começou o Spring Training você esperava retornar como titular no começo da temporada? E como foi ficar fora da decisão logo que voltou da lesão?
YAN GOMES – Ano passado foi super estranho, algo que nunca tinha acontecido comigo. Machuquei 3 ou 4 vezes e eu sabia que na que na World Series o [Roberto] Perez seria titular. É diferente, seria difícil eu, depois de meses fora, entrar e ser titular. Ele tava fazendo um trabalho super legal, ele tava entendendo bem a posição. Quando chegassse minha oportunidade eu estaria preparado. Este ano… eu nunca tinha perdido a posição, o que aconteceu é que eu me machuquei. Quando a temporada acabou, [ o técnico Terry] Francona me ligou e disse “a posição é sua”. Eu não ganhei a posição, porque eu nunca perdi [a posição]. A gente tem uma coisa aqui que muitos times não têm, que são dois catchers com grande nível para ser titular.
TP – Você ganhou o Silver Slugger em 2014, mas o desempenho ofensivo em 2015 e 2016 foi inferior. A parte ofensiva foi seu foco na intertemporada, para voltar a apresentar aquele nível e ser novamente reconhecido pelo desempenho nos dois lados do jogo? Acredita que as lesões foram o principal motivo?
YAN – Não chego a me preocupar com isso. Nos últimos dois anos foi difícil. Em 2o15 caiu, mas ainda estava bom para um catcher. Ano passado eu estava sempre machucado, então foi pior. Como vc falou, fui Silver Slugger, sei que sou um bom batedor, preciso só voltar ao meu estilo, sem fazer coisas extras; Às vezes você quer dar um pulo no batting average* rápido, mas não dá. Vai de dia a dia, trabalhando com os técnicos, e fazendo do jeito como quando eu cheguei aqui.
* NOTA DA REDAÇÃO: Yan teve 27,8% de aproveitamento e 21 home runs em 2014, em 135 jogos, quando venceu o Silver Slugger. Em 2015, o AVG. caiu para 23,1% (95 partidas), e em 2016, apenas 16,7% (74 jogos). Em 2017, até o momento, é de 05,6% em 6 partidas.
THE PLAYOFFS – E a polêmica sobre o Chief Wahoo*, como vê essa questão? O que se fala nos Indians sobre isso?
YAN – As pessoas que cuidam dessa questão não falam muito com os jogadores sobre isso. Fazem entre eles. Entre nós (jogadores), se a gente gosta ou não gosta, a gente nem pode falar muito, porque não sabemos.
* NOTA DA REDAÇÃO: a MLB vem trabalhando para remover do uniforme dos Indians o símbolo da equipe, que representa o rosto de um indígena, e não é bem aceito por grupos de nativos americanos. Entenda aqui a polêmica.
OUTROS ASSUNTOS
O que faltou para os Indians na World Series*
“Faltou uma vitória. Coisa engraçada do esporte, como aconteceu no basquete (comparando com a virada da final da NBA dos Cavaliers sobre os Warriors), não sei. O outro time (Chicago Cubs) começou a ter mais pensamento de vitória. Era um jogo pra ganhar e não conseguimos, mas ficamos super felizes pela nossa temporada. E teve tanta gente nos estádio, nos playoffs, na World Series. Já sabemos como é, e se chegarmos de novo não teremos medo”.
“Não conversamos nada (depois do jogo 7 da final), deixamos os técnicos conversarem para ver o que esta errado. Mas não tem motivação diferente [para 2017]. Foi uma das melhores experiência que já tive, aquele jogo 7, contra um time que todo mundo queria que ganhasse (risos)… todos queriam que os Cubs ganhassem, mas sabia que ia acontecer isso. [A experiência] é algo que sempre vai estar na nossa mente”.
* NOTA DA REDAÇÃO: O Cleveland Indians abriu 3-1 na série contra o Chicago Cubs, na World Series de 2016, mas permitiu a virada e perdeu por 4-3 na melhor de sete partidas, ficando com o vice-campeonato.
Favoritismo dos Indians em 2017 e principais rivais
“Não [muda nada com o favoritismo]. As únicas coias que mudam é para a torcida, nas entrevistas, na cidade, mas entre a gente não mudou. Nos últimos 3 anos já somos os favoritos. A atitude aqui é a mesma, um time super relaxado, mas agora vai ter mais pessoas falando sobre a gente. A expectativa é de ir lá e ganhar de novo”.
“Tem sempre um time novo que aparece [como favorito]. Fomos a surpresa para Tigers e Royals ano passado. Este ano precisamos nos preocupar com a nossa divisão, a Central. Temos que ganhar deles, especialmente de Tigers e Royals”.
Bom desempenho no Spring Training
“O que fiz de diferente foi focar bem em estar preparado. Nada diferente para bater ou como catcher. Como estava machucado, queria que estivesse tudo certo com meu corpo, estar preparado”.
Relacionamento com Terry Francona
“Tenho boa relação com o Francona. A gente conversa mais antes dos jogos, pra relaxar, ele sempre falou que eu seria titular de novo”.
Repercussão do World Baseball Classic
“Foi super legal, por mim foi um dos melhores (o World Baseball Classic de 2017), tinha vários jogadores [importantes]. A sensação quando eles voltaram foi que eles adoraram a experiência, disseram que a torcida estava louca. Espero que isso seja positivo para as próximas edições e até pra gente (brasileiros)”.
Abertura do mercado da MLB para fora dos Estados Unidos
“Uma coisa legal é que a MLB está abrindo portas em outros países, como México, Japão, até na Austrália. Por mim, continuando assim, o Brasil tendo interesse em receber jogos, vai abrir muito a porta do esporte (beisebol) no Brasil, crianças vão assistir ao jogo, vão criar interesse… seria ótimo”.
Próximos brasileiros na MLB
“Acredito em dois. [Leonardo] Reginatto é um daqueles jogadores especiais, bom batedor e na defesa, e ele leva jeito de poder jogar em diferentes posições, está num time [Minnesota Twins] em que tem chance. E o outro é o Thyago Vieira. Ele já teve boa apresentação no Spring Training, e um cara que tá lançando 100mph chama a atenção de todos, tem grande chance [de subir para a Major League Baseball]”.
(Fotos: Rob Tringali/Getty Images; Reprodução Facebook/Cleveland Indians)