[ENTREVISTA] Conheça Daniel Missaki, mais um brasileiro que pode fazer sucesso na MLB
Jovem Arremessador Daniel Missaki fala sobre seu futuro com o Milwaukee Brewers
Daniel Missaki surgiu para o mundo do beisebol em 2012, participando de um dos grandes momentos do beisebol brasileiro. Com apenas 15 anos, o jovem arremessador entrou em campo no Panamá para fechar a vitória brasileira sobre a Colômbia, classificando a seleção brasileira para a final da etapa classificatória do World Baseball Classic.
Menos de um ano depois, logo após completar 16 anos, Missaki assinou contrato com o Seattle Mariners e foi tentar a sorte no beisebol dos Estados Unidos. Em 2015, quando começava a escalar as Ligas Menores e chamava a atenção da franquia, sofreu uma contusão no cotovelo e teve de passar pela temida cirurgia Tomy John. Em meio à recuperação, ele foi trocado com o Milwaukee Brewers no negócio que levou o primeira base Adam Lind para os Mariners.
Após passar por outra cirurgia Tomy John, Daniel Missaki está concluindo a sua recuperação e deve voltar aos gramados em breve. Aproveitando o mês de janeiro em São Paulo com a família, o jovem talento de 20 anos, que nesceu em Fujinomiya, no Japão, concedeu entrevista exclusiva ao The Playoffs tendo como palco um lugar que tem tudo a ver com sua profissão: o The Pitchers Burger e Baseball, bar temático que fica na Vila Clementino. Confira:
Recuperação da cirurgia Tommy John
“Agora está indo bem, o Milwaukee Brewers está andando mais devagar, dando mais tempo para a reabilitação, já que é a segunda operação pela qual eu passo, para que eu consiga me recuperar melhor”.
A contusão
“Eu estava atuando, estava no 5º inning de um jogo, e quando arremessei senti o cotovelo estralar. Como isso acontece quando eu alongo, achei que era normal, e continuei. O arremesso seguinte já não chegou (ao home plate), na hora eu já chamei o médico, ele mexeu e me tirou do jogo. A ficha caiu depois, mas fiquei tranquilo porque 90% dos arremessadores que passam pela cirurgia voltam a atuar normalmente”.
Ser trocado enquanto se recuperava da cirurgia
“Eu fui informado da troca (do Seattle Mariners com o Milwaukee Brewers) quando estava fazendo a reabilitação da primeira cirurgia. Os diretores do Seattle me chamaram no escritório e disseram para arrumar as coisas, porque eu continuaria o trabalho no complexo do Brewers (os dois ficam em diferentes cidades do Arizona). Mudei de complexo e fiquei duas semanas a mais, para conhecer tudo e continuar a recuperação”.
Como foi a troca
“O pessoal dos Brewers me recebeu muito bem, mas ninguém me falou nada sobre planos, expectativas. Só os próprios jogadores disseram que, normalmente, quem é trocado por um jogador da MLB sobe mais rápido dentro das Minor Leagues. Sinto que eles confiam em mim, vamos ver quando eu voltar”.
Expectativa para 2017
“Ainda não recebi qualquer informação oficial. O que eu ouvi quando perguntei é que provavelmente eu começo no Extended Spring Training, já atuando, e de lá vão me enviar para alguma franquia nas Ligas Menores, mas não há definição de qual será”.
Evolução nos Estados Unidos
“Meu jogo mudou bastante. Aqui no Brasil, você consegue segurar qualquer time só com a bola rápida. Nos Estados Unidos, não adianta você arremessar a 105 milhas por hora, vão rebater seu arremesso, é só ver o (Aroldis) Chapman, se ele só joga bola reta, vão rebater. Aprendi a controlar, no primeiro ano todo mundo rebatia contra mim, aí fui aprendendo quando jogar a bola baixa, quando usar o efeito, onde comandar a bola rápida”.
Feedback dos treinadores
“(Se você vai mal em um jogo), não falam que foi bom, mas você não toma bronca. Há muita conversa, perguntam o que você fez de errado e o que foi bom, porque sempre há alguma coisa boa no seu desempenho, só que você mesmo que precisa descobrir”.
Início nos Estados Unidos
“Falava um pouco de inglês quando assinei e cheguei aos Estados Unidos, mas a transição não foi tão complicada porque estavam no Seattle Mariners o Pedro Ivo Okuda, o Luiz Gohara e o Thyago Vieira, isso facilitou bastante”.
Contato com Thyago Vieira e Luiz Gohara
“Nossa relação é de irmão, um ajuda o outro, quando precisa de alguma coisa a gente se ajuda, quando estava atuando mal, a gente sempre procurava se ajudar”.
Confiança dos Mariners nos brasileiros
“Falta que outras franquias façam o mesmo. As portas estão se abrindo, pouco a pouco, mas falta um pouco ainda que as franquias apostem no Brasil”.
Crescimento dos brasileiros
“Está mudando a forma como as franquias da MLB olham para os brasileiros, porque todos que estão atuando nos Estados Unidos mostram trabalho, se esforçam muito, e isso está chamando a atenção e cria uma fama boa para os jogadores brasileiros”.
Contato com as estrelas da MLB
“Quando eu estava no Seattle Mariners, de vez em quando o Felix Hernandez aparecia no nosso campo de treinamento durante o Spring Training. No começo, eu achei que ele seria bem arrogante, mas ele foi bastante humilde, ficou conversando com a gente, é um cara bem tranquilo”.
Como será quando chegar à MLB
“Será um sonho realizado. O que me move é a vontade de poder enfrentar os melhores, a cada fase que você passa, a cada nível que sobe, vai aumentando a vontade, você sempre quer um desafio maior, e o maior desafio que há é a Major League Baseball”.
Carreira no Japão
“Quando eu era mais novo, eu sempre queria ir para o Japão, a MLB nem passava pela minha cabeça, o que eu queria era atuar no Japão. Só que enrolaram muito e eu decidi que não queria mais o Japão, queria ir para os Estados Unidos. Quando as franquias da Major League chegaram, o pessoal do Japão ainda veio atrás”.
Experiência no WBC
“Ter o Barry Larkin como técnico foi uma experiência incrível para mim, foi um salto de um nível para outro. No elenco, não existia isso de mais velhos ou mais novos, o time era um só, então mesmo eu sendo mais novo, tendo essa diferença de idade, eles me ajudavam, qualquer coisa que eu precisava, qualquer dúvida que eu tinha, eles vinham e me ajudavam, ganhei muita experiência e aprendi muita coisa com aquele pessoal”.
Classificatória do Panamá
“A gente não tinha noção do que estava acontecendo, a gente só queria jogar. A ficha não caiu mesmo no Panamá, só fomos entender o que aconteceu quando voltamos ao Brasil”.
O grupo do WBC no Japão
“Faltou talvez um pouco de organização. O jogo-chave, para mim, foi o primeiro, contra o Japão, a gente mesmo não esperava fazer o jogo que fez contra o Japão, ali faltou um pouco de organização. Se o Yan Gomes tivesse jogado o grupo da 1ª fase, teria sido diferente, o peso que ele já tinha naquela época teria feito a diferenç”a.
WBC de 2021
“O Brasil terá um time muito forte. O pessoal que está nas Minor Leagues vai ter muito mais experiência, e o pessoal da MLB, Paulo Orlando, André Rienzo e Yan Gomes, também ganhará muita experiência, se houver o torneio o Brasil terá um time muito bom”.
Eric Pardinho
“Acho que passando o meio desse ano, quando ele fizer 16 anos, já deve ir para os Estados Unidos. O pessoal do Milwaukee Brewers já perguntou sobre ele, teve agentes que tentaram fechar com ele, o Pardinho deve ter muitas oportunidades”.
Estrutura do beisebol brasileiro
“O CT Yakult (em Ibiúna) é muito bom, mas só tem o CT Yakult. O Brasil precisava de mais uma ou duas opções, outros centros de treinamento desse patamar, para revelar ainda mais talentos”.
Como aumentar o nível do beisebol no Brasil
“Para isso, os jogos precisam ser mais frequentes. Nos Estados Unidos, a gente joga todo dia, treina de manhã e joga de tarde, aqui você joga um torneio durante um fim de semana e depois fica um mês sem atuar”.
Taça Brasil
“Se eu for liberado pela franquia, eu pretendo disputar a Taça Brasil sim, mas realmente fico dependendo da liberação, não depende só da minha vontade. Jogar com o pessoal que você atuava quando estava na adolescência, cinco anos atrás, é muito gostoso”.
Missaki em 2017
“É só aguardar, que em 2017 eu vou voltar arrebentando”.
Crédito das imagens: Reprodução/Youtube, Reprodução/MLB, Reprodução/World Baseball Classic e Samy Silva/The Playoffs