[ENTREVISTA] Brasileiro que pode pintar na MLB, Thyago Vieira fala com exclusividade ao The Playoffs
Arremessador Thyago Vieira fala sobre sua inclusão no 40-man roster dos Mariners e muito mais
Novembro foi um ótimo mês para o jovem arremessador Thyago Vieira.
O paulista de 23 anos foi oficialmente incluído pelo Seattle Mariners no 40-man roster, medida tomada pela franquia para evitar que Thyago estivesse disponível durante o polêmico Rule-5 Draft, feito sob medida para quem quer “pescar” talentos no mundo das Minor Leagues. Quase que de repente, um novo brasileiro virou notícia no mundo do beisebol.
O que muita gente não sabia, porém, é que a medida foi também consequência da evolução de Thyago. Ele brilhou intensamente em 2016 no Bakersfield Blaze, equipe dos Mariners no nível A-Avançado, com 2.84 de ERA, oito saves em igual número de oportunidades, 53 strikeouts em 44 1/3 innings e uma bola rápida de 102 milhas por hora que chamou a atenção dos olheiros, dirigentes, técnicos dos Mariners e do Seattle Times, rendendo um perfil e a tese de que, antes do fim da próxima temporada, Thyago pode estar na Major League Baseball.
De férias em São Paulo e preparando-se para voltar aos Estados Unidos em janeiro, quando deve participar de um camp de arremessadores com os melhores da posição na franquia antes do Spring Training em Peoria, no Arizona, Thyago conversou por telefone com o The Playoffs. Confira os principais trechos da conversa.
Inclusão no 40-man roster dos Mariners
Eu estava esperando um pouco, tive um bom ano e sabia que estaria vulnerável no Rule-5 Draft. Estava no aeroporto, para voltar ao Brasil, e o próprio Jerry Dipoto (general manager dos Mariners) me ligou para avisar. Fiquei muito feliz, sem palavras, mas logo depois já comecei a avisar minha família e os amigos.
Temporada 2017
Ninguém na franquia me falou onde jogarei, mas li na imprensa que posso começar no Duplo-A (Arkansas Travelers). Porém, tudo ainda é imprevisível.
Pressão da franquia
Sei do meu potencial, e não me sinto pressionado. Os Mariners conhecem meu talento e temos uma ótima relação. Pretendo chegar ao Spring Training muito bem preparado, tanto na parte física como do ponto de vista mental.
De abridor a reliever
Até 2013, fui titular, e talvez por ter atuado muito em 2012 e 2013, quando começou 2014 eu fui colocado como reliever. Era uma outra direção, ninguém me falou nada. Como arremessador titular ou como reliever, minha meta é chegar à Major League Baseball.
Comparações com Aroldis Chapman
Eu me inspiro muito no Chapman, ver como ele atua, como trabalha durante os jogos. Outra inspiração que eu tinha era o José Fernandez (arremessador do Miami Marlins que morreu em um acidente de barco em setembro de 2016), ele era agressivo, transmitia a emoção durante as partidas, e é assim que eu gosto de jogar, comemorar as jogadas, vibrar em campo.
Bola rápida
Quando eu jogava no Brasil, minha bola rápida ficava entre 82 e 84 milhas por hora. Meu objetivo sempre foi arremessar ainda mais forte (hoje, ela chega a 102 milhas por hora). Não sei se é o limite, nada é impossível, continuo trabalhando forte e talvez consiga arremessar ainda mais forte.
Ethan Katz
Trabalhar com o Ethan Katz (técnico de arremessadores de Bakersfield) me ajudou muito. Eu tinha a bola reta, ele começou a trabalhar a reta e o slider, todo dia, mesmo quando eu ia para o jogo, às vezes a gente ficava até tarde treinando e trabalhando. Isso foi aumentando minha confiança, me deu consistência e foi fundamental para que eu tivesse esse ano abençoado.
Spring Training
É difícil imaginar como será estar em Peoria (cidade em que os Mariners fazem a pré-temporada), ao lado de caras que você só vê na televisão, Nelson Cruz, Robinson Cano, Felix Hernandez e tantos outros. Será um prazer, vou para lá procurando aprender, vou perguntar bastante e tirar muitas dúvidas.
Beisebol no Brasil
Comecei no Gecebs, e vejo que nos últimos anos o esporte cresceu, com a chegada do Yan (Gomes), Andre (Rienzo) e Paulo (Orlando) à MLB, além da classificação para o World Baseball Classic de 2013. Mas ainda falta um pouco, talvez com o beisebol voltando aos Jogos Olímpicos em Tóquio-2020 melhore, o esporte precisa de mais divulgação, incentivo, quase ninguém fala de beisebol no Brasil, mesmo que o país tenha ótimos jogadores.
Classificatória do WBC-2017
Acho que não faltou nada nos jogos contra Israel e Grã-Bretanha. Israel tinha oito jogadores da MLB, no nosso elenco havia um, o Andre, e ainda assim jogamos de igual para igual. No beisebol, quem erra menos ganha, perdemos para os nossos erros e ficamos sem a vaga.
Jogar pelo Brasil
Atuar com a camisa do Brasil é sempre um prazer, é muita emoção jogar pelo seu país e ajudar a melhorar o esporte. Ainda mais quando você pode fazer isso com seus parceiros, os amigos com quem você jogou desde que era pequeno.
Daniel Missaki e Luiz Gohara
Temos uma relação boa, estamos sempre em contato, falando um com o outro, passando motivação. Em 2015, estivemos no Clinton LumberKings (Nível-A dos Mariners), mas não juntos, o Missaki chegou antes, eu e o Gohara ficamos no Extended Spring Training, quando o Missaki se lesionou, o Gohara foi chamado, eu só fui para lá quando ele voltou.
Os dois possuem um potencial tremendo. O Missaki tem uma bola de efeito muito boa e um grande controle, já o Luiz tem um talento natural muito grande. Não posso falar em metas, mas os dois têm talento para chegar à MLB.
Eric Pardinho
Conheci ele na seleção durante a classificatória do WBC, e acredito que ele terá um futuro brilhante. O talento é imenso, tanto que aos 15 anos ele arremessa em torno de 95 milhas por hora, de forma natural. Ele é muito preparado e é uma grande promessa do beisebol.
Crédito das imagens: Reprodução/Youtube; Reprodução/Worldbaseballclassic.com; reprodução Twitter/Jackson Generals