Vai começar o Spring Training da MLB! Os “treinos da primavera” equivalem à pré-temporada das demais ligas dos esportes americanos, porém, tudo no beisebol é diferente, então, por que a pré-temporada haveria de ser igual?

Em mais esta edição da coluna Entenda o Jogo do The Playoffs, explicarei um pouco de como funciona o Spring Training da MLB, a divisão das equipes, rivalidades e tudo mais que você precisa saber para curtir o beisebol das Grandes Ligas enquanto a temporada regular não começa.

(Foto: Twitter/Kansas City Royals)

Como funciona o Spring Training

A primeira diferença da pré-temporada da MLB em relação às outras ligas norte-americanas (NBA, NFL e NHL, no caso) é que as equipes fazem uma espécie de acampamento longe de casa. Cada franquia tem uma sede, ou na Flórida ou no Arizona, onde se encontram, fazem toda a preparação física e técnica, e também jogam. Lá ficam por cerca de um mês e meio, apenas com viagens curtas pelo estado em questão, por conta das partidas “fora de casa”.  O legal é que as sedes de treino e jogos de cada time são personalizadas, como se fosse o próprio estádio – alguns dividem os mesmos estádios.

Além disso, os times são divididos em duas diferentes ligas: a Grapefruit League, com sede na Flórida, e a Cactus League, com sede no Arizona. Cada equipe faz cerca de 30 jogos, mas não há um número exato para todas as equipes.

Our Grapefruit League games begin this week! pic.twitter.com/eHuMOnjW85

— St. Louis Cardinals (@Cardinals) February 28, 2016

História

O Spring Training da MLB começou no final do século 19, com algumas equipes que faziam pré-temporada fora das respectivas cidade. Porém foi no início do século 20 que a Liga começou a enxergar o potencial disso e tratou de estruturar os treinamentos, jogos e estabeleceu as sedes. A Flórida desde o início foi a grande casa do Spring, com quase todas as equipes passando sua preseason em uma cidade do estado mais ensolarado da América.

Porém, ao longo dos anos, algumas equipes passaram a testar outros lugares, incluindo o Arizona, que após a segunda guerra mundial se firmou como segunda sede oficial. Nesse meio tempo, muitas equipes realizaram seus treinos em outras cidades, estados e até países, incluindo Cuba, México e República Dominicana, mas já faz um bom tempo que a liga se estabeleceu em Arizona e Flórida, com a Cactus League e a Grapefruit League.

Em 2010, a MLB dividiu oficialmente os times, deixando 15 equipes em cada estado para o Spring Training. Vale lembrar que essa divisão nada tem a ver com as Ligas originais a que cada time pertence, Americana e Nacional, apenas por motivos geográficos, basicamente.

Grapefruit League – Flórida

A Grapefruit League nasceu há mais de 100 anos e até hoje mantém toda a tradição do Spring Training. O nome é em referência a toranja, fruta pouco comum no Brasil, mas muito cultivada na Flórida. Times da MLB com residência no estado, os Marlins e os Rays não ficam em suas cidades durante a pré-temporada, Miami e Tampa Bay, respectivamente.

Conheça os 15 times que representam a “Liga da Toranja” no Spring Training e suas sedes (estádios e cidades):

Atlanta Braves: Champion Stadium, Lake Buena Vista at Walt Disney World
Baltimore Orioles: Ed Smith Stadium, Sarasota
Boston Red Sox: JetBlue Park at Fenway South, Fort Myers
Detroit Tigers: Joker Marchant Stadium, Lakeland
Houston Astros: The Ballpark of the Palm Beaches, West Palm Beach
Miami Marlins: Roger Dean Stadium, Jupiter
Minnesota Twins: CenturyLink Sports Complex, Fort Myers
New York Mets: Tradition Field, Port St. Lucie
New York Yankees: George M. Steinbrenner Field, Tampa
Philadelphia Phillies: Bright House Field, Clearwater
Pittsburgh Pirates: LECOM Park, Bradenton
St. Louis Cardinals: Roger Dean Stadium, Jupiter
Tampa Bay Rays: Charlotte Sports Park, Port Charlotte
Toronto Blue Jays: Florida Auto Exchange Stadium, Dunedin
Washington Nationals: The Ballpark of the Palm Beaches, West Palm Beach

Cactus League – Arizona

Já a Cactus League é um pouco mais recente, fruto (sem trocadilho com grapefruit) de uma iniciativa de clubes especialmente da costa oeste, que viam boas oportunidades de crescimento jogando por aquele lado do país, onde estariam ainda perto de casa. A ideia foi bem aceita e hoje a divisão das franquias é baseada principalmente na localização geográfica.

Conheça as franquias que formam a a “Liga do Cacto”, referência aos desertos do Arizona:

Arizona Diamondbacks: Salt River Fields, Scottsdale
Chicago Cubs: Cubs Sloan Park, Mesa
Chicago White Sox: Camelback Ranch, Glendale
Cincinnati Reds: Goodyear Ballpark, Goodyear
Cleveland Indians: Goodyear Ballpark, Goodyear
Colorado Rockies: Salt River Fields, Scottsdale
Kansas City Royals: Surprise Stadium, Surprise
Los Angeles Angels of Anaheim: Tempe Diablo Stadium, Tempe
Los Angeles Dodgers: Camelback Ranch, Glendale
Milwaukee Brewers: Maryvale Baseball Park, Phoenix
Oakland Athletics: Hohokam Stadium, Mesa
San Diego Padres: Peoria Sports Complex, Peoria
San Francisco Giants: Scottsdale Stadium, Scottsdale
Seattle Mariners: Peoria Sports Complex, Peoria
Texas Rangers: Surprise Stadium, Surprise

tfw it’s the first day of #TribeSpring games@TheJK_Kid @Yan_AGomes pic.twitter.com/gZFjQB4LGe

— Cleveland Indians (@Indians) March 1, 2016

Rivalidades

O mais interessante do Spring Training são as rivalidade diferentes que surgem já que equipes da Liga Americana têm mais chances de jogar contra times da Liga Nacional do que na temporada regular. Numa época longínqua, quando a temporada nem previa as partidas “interligas”, o Spring era a única chance, além da World Series, para tais partidas.

As principais rivalidades da pré-temporada, além das já comuns como Yankees x Red Sox ou Dodgers e Giants, são aquelas de times de mesma cidade ou região. Algumas inclusive têm simpáticos apelidos. Apenas citando as principais:

GRAPEFRUIT

Yankees x Mets – Subway Series – clássico de Nova York, que faz referência ao metrô da maior cidade norte-americana.
Phillies x Pirates – Keystone Series – nome do clássico em referência ao apelido do estado da Pensilvânia, onde as duas equipes estão alocadas. Desde 1994 elas não pertencem à mesma divisão da Liga Nacional, então têm mais chances de jogar no Spring Training.
Rays x Marlins – Citrus Series – rivalidade recente, assim como as duas franquias, mas vale destacar já que tem relação justamente com a Flórida e as frutas críticas, como a toranja.

CACTUS

White Sox x Cubs – Crosstown Classic ou Windy City Showdown – clássico da cidade de Chicago, que conta com dois dos mais tradicionais times da Liga.
Dodgers x Angels – Freeway Series – clássico da região metropolitana de Los Angeles, lembra o nome da rodovia que interliga várias cidades da Grande L.A. O nome é inspirado no clássico entre Los Angeles Kings e Anaheim Ducks na NHL.
Athletics x Giants – Bay Bridge Series – o clássico da Baía de San Francisco é um dos de maior rivalidade considerando os jogos interligas.

Os jogos do Spring Training são parâmetro?

Não. Mas dão indícios e servem para outras coisas. Não é parâmetro porque os times não jogam todas as partidas com seus principais jogadores, fazem muitas partidas amistosas, dois jogos no mesmo dia com elencos divididos, enfim. E, claro, não jogam com a mesma intensidade. Porém, é uma oportunidade para os managers testarem vários jogadores, lineups, rotações, coisas que eles pouco podem fazer durante a temporada regular.

Porém, isso não tira em nada o brilho do Spring Training, sempre com ótimas médias de público. Afinal, é uma grande chance para fãs de cidades que não têm times da MLB acompanharem jogos de alto nível, ganharem autógrafos. E, para os torcedores de cada franquia, oportunidade para conhecer as caras novas da equipe, além de matar saudade do beisebol das Grandes Ligas.

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E aí, entendeu tudo? Então bora comprar seu hot dog, Coca-Cola (ou Pepsi, se preferir), para acompanhar esse monte de jogos que virão por aí até o dia do Opening Day. Afinal, o passatempo da América está de volta \o/\o/\o/.

* Texto originalmente publicado em 28 de fevereiro de 2015; atualizado em 14 de fevereiro de 2018.

Imagens: Divulgação MLB; reprodução Twitter/KC Royals