[ANÁLISE] É comum treinadores sobrecarregarem arremessadores na World Series?
Aroldis Chapman discordou da forma que foi utilizado por Joe Maddon, mas a prática do treinador foi incomum?
O closer Aroldis Chapman reclamou da forma com que foi utilizado pelo treinador do Chicago Cubs, Joe Maddon, durante a disputa da World Series contra o Cleveland Indians, que terminou a longa sequência de 108 anos de maldição contra os Cubs. Para Chapman, Maddon o sobrecarregou ao ser utilizado em diversos jogos, alguns sem ser uma situação de save, o que pode ter contribuído no lance do Home Run de Rajai Davis, que empatou o jogo 7 na 8ª entrada, por exemplo.
Que Maddon usou Chapman até não poder mais, não é muito difícil perceber, mas será que os treinadores tendem a sobrecarregar seus melhores arremessadores na pós-temporada e na World Series? Será que isso pode se tornar uma tendência?
Para analisarmos isso primeiro temos que entender o contexto da última World Series. Muitos fatores levaram o treinador dos Cubs a tomar essa decisão. Chapman chegou os Cubs no meio da temporada em uma troca com o New York Yankees na trade deadline, essa troca enviou para os Yankees o principal prospecto dos Cubs, o shortstop Gleyber Torres. Chapman se tornaria agente livre ao fim da World Series e Maddon já sabia que seria difícil manter Chapman no elenco. Os Cubs ficaram a uma derrota de perder tudo e continuar na seca. Por fim, outros arremessadores de relevo do time, como Pedro Strop e Hector Rondon, sofreram com lesões e não tiveram bom rendimento na segunda parte da temporada.
Por tudo isso é fácil concordar com a atitude de Maddon. Não é tão incomum vermos pitchers serem bastante utilizados, principalmente na World Series. Os Indians utilizaram bastante seus arremessadores, e talvez tenham perdido o jogo 7 por causa disso. Corey Kluber e Andrew Miller dominaram todos os rebatedores durante a pós-temporada, mas no jogo 7 sofreram contra o ataque dos Cubs. Entretanto, erros defensivos também custaram aos Indians, por isso não podemos culpar o treinador Terry Francona de sobrecarregar Kluber e Miller.
Em 2014, o San Francisco Giants viu o seu ace Madison Bumgarner ser bastante utilizado e ainda sim ser bastante dominante. Na World Series daquele ano, Bumgarner atuou em 3 jogos, 2 como titular e na partida que entrou como arremessador de relevo, MadBum lançou por 5 entradas, tendo descansado por apenas 2 dias antes daquele jogo, e foi extremamente efetivo na conquista dos Giants sobre o Kansas City Royals.
Bumgarner lançou por 21 entradas, cedeu apenas 9 rebatidas, 1 corrida, eliminou 17 rebatedores por strikeout, teve um ERA de 0.94 e foi eleito MVP da World Series, tudo isso após ter feito jogos como o wild card contra o Pittsburgh Pirates, onde lançou por 109 vezes e não permitiu nenhuma corrida dos Pirates.
Como não lembrar de performances como a do closer Mariano Rivera na World Series de 1999 contra o Atlanta Braves? Naquela final, Rivera lançou por 4 entradas e 2 terços, não cedeu nenhuma corrida e conseguiu 2 saves. O lendário arremessador do New York Yankees foi eleito o MVP daquela WS.
Mas até Rivera teve momentos de vilania creditados a ele também por ter sido sobre carregado. Na WS de 2001 contra o Arizona Diamondbacks, os Yankees perderam o jogo 7 depois de um blown save de Rivera. O pitcher foi utilizado treinador Joe Torre nos jogos 3, 4, 5 e 7. E nosétimo, Torre colocou Rivera para um save de duas entradas que não deu certo.
Portanto, a tática de sobrecarregar seu melhor arremessador na pós-temporada é comum, porém nem sempre efetiva. Em situações como a de Maddon e Chapman, quanto o melhor arremessador possivelmente não irá voltar para o próximo ano, podemos esperar os treinadores utilizando suas armas até não poderem mais.
Em 2017, possivelmente veremos mais.
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