Chegou a vez de Bonds e Clemens no Hall da Fama?
Barry Bonds e Roger Clemens ganham votos na eleição para o Hall da Fama do beisebol
Está chegando um dos momentos mais aguardados do calendário da Major League Baseball. Em apenas duas semanas, no dia 18 de janeiro, conheceremos os novos integrantes do Hall da Fama, provavelmente o mais importante e certamente o que mais é levado a sério entre as Grandes Ligas do esporte norte-americano. E a turma de 2017 não chegaria sem polêmica: será este o ano em que Barry Bonds e Roger Clemens entrarão para a galeria de imortais?
O maior rebatedor de home runs da história da MLB e um dos melhores arremessadores dos últimos 50 anos entraram na lista de candidatos há cinco anos e, desde então, sofreram com o eterno estigma do uso de esteroides anabolizantes. Nas quatro primeiras tentativas, somaram menos de 50% dos votos dos integrantes da Baseball Writers Association of America, a associação dos jornalistas que cobrem (ou cobriram o esporte), muito longe dos 75% de votos necessários para a indução.
Neste período, Bonds e Clemens viram a eleição de Tom Glavine, Greg Maddux e Frank Thomas (2014), Craig Biggio, Randy Johnson, John Smoltz e Pedro Martinez (2015), Ken Griffey Jr. e Mike Piazza (2016). A oscilação de ambos era pequena, já que muitos puristas não aceitam a ideia de que dois “traidores” no Hall da Fama, já que ambos não estavam “limpos” em suas carreiras. No entanto, neste ano, alguma coisa mudou, e tem a ver exatamente com o ex-comissário da MLB, Bud Selig.
Responsável pelo esporte quando o escândalo dos esteróides veio à tona, no começo do século, Selig (que só tomou atitudes contra o doping após ser pressionado) foi indicado para o Hall da Fama pelo Comitê dos Veteranos no fim de 2016. Esse fato foi aliado à mudança no quadro da BBWAA, que a cada ano torna-se mais jovem, o que significa votos de jornalistas que usam uma abordagem mais sabermétrica (voltada às novas estatísticas), menos passional e purista, o que favorece a dupla.
A mostra disso vem de Ryan Thibodeaux. Conhecido como @NotMrTibbs, sua conta no Twitter, ele anualmente coleta todos os votos para o Hall da Fama que consegue, seja por meio de mensagens diretas, e-mail, postagens que os eleitores fazem no Twitter ou mesmo por votos que são anunciados em programas de televisão e rádio. Até esta quarta-feira (4), ele coletou 166 votos, o equivalente a 38% dos 435 esperados.
Três jogadores estão bem acima dos 75%, e devem entrar no Hall da Fama: Jeff Bagwell (1ª base, Houston Astros), com 92,2%, Tim Raines (outfielder de Montreal Expos, Chicago White Sox, New York Yankees, Oakland Athletics, Baltimore Orioles e Florida Marlins), com 91,6%, e Ivan “Pudge” Rodriguez (catcher de Texas Rangers, Florida Marlins, Detroit Tigers, New York Yankees, Houston Astros e Washington Nationals), com 83,7%.
Vladimir Guerrero, outfielder que brilhou nos Expos, Rangers e Los Angeles Angels, tem 75,9% e Trevor Hoffman, lendário closer do San Diego Padres, tem 72,9%, e ambos estão na briga pela indução. A surpresa vem a seguir: Bonds tem 69,3% (115 votos), ao lado de Edgar Martinez, rebatedor designado que brilhou no Seattle Mariners, e Clemens está logo atrás, com 68,7% (114). Mike Mussina e Curt Schilling, arremessadores que fizeram carreira na Divisão Leste da Liga Americana, completam a lista dos citados em ao menos 50% dos votos.
Bonds e Clemens ganharam, respectivamente, 20 e 21 votos entre eleitores que já haviam votado no ano passado, e foram citados por 11 dos 12 novos eleitores que já divulgaram sua lista. Como muitos votos ainda secretos pertencem a membros da “Velha Guarda”, parece ser pouco provável que ambos sejam eleitos para o Hall da Fama em 2016. No entanto, é certo que a maré os ajuda, e 2018 pode finalmente ser o ano da eleição.
Não há grandes nomes entrando na lista no ano que vem, exceção feita a Chipper Jones e Jim Thome (Omar Vizquel e Andruw Jones são os outros candidatos com alguma chance). Com quatro ou até cinco eleitos, sobra mais espaço na lista de quem até aceita que jogadores com histórico de uso de esteróides entrem no Hall da Fama, mas os relega em prol dos “jogadores limpos”. Esse é um dos trunfos que Barry Bonds e Roger Clemens podem ter para, finalmente, gravar seu nome na história em Cooperstown em 2018, caso não ocorra qualquer surpresa em 18 de janeiro. Só nos resta aguardar.
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