Blake Snell e James Paxton: os maiores injustiçados na escolha para o All-Star Game da MLB
Duas ausência chamaram a atenção no time de estrelas de 2018 da MLB
O All-Star Game da Major League Baseball, duelo entre os “melhores” jogadores da Liga Americana e da Liga Nacional, será realizado na próxima terça-feira, 17 de junho, no Nationals Park, e os escolhidos para participar do Jogo das Estrelas foram divulgados neste domingo (8).
Como sempre, quando ocorrem esses jogos, algumas escolhas polêmicas acontecem, como a de Bryce Harper como outfielder titular na NL, apesar de estar em sua típica temporada em anos pares. No entanto, uma (ou duas, dependendo do ponto de vista), chamaram bastante atenção: a mais divulgada e debatida é a do ace do Tampa Bay Rays, Blake Snell.
Ao contrário do que acontece com os rebatedores, os pitchers eleitos para o All-Star são escolhidos diretamente pelos próprios jogadores, em vez de contar com a votação popular (não que este seja mais justo, é claro) – além de existir a regra de que todos os 30 times da liga precisam ter pelo menos um representante no Jogo das Estrelas, e a participação do escritório da MLB para selecionar os reservas, dentre tantas outras normas.
A principal razão para Snell não ser selecionado entra no quesito “todos os times devem ter um jogador eleito”. Os dois abridores “à frente” dele são José Berrios, do Minnesota Twins, e J.A. Happ, Toronto Blue Jays. Tampa Bay Rays já tinha um representante eleito em Wilson Ramos, catcher, escolhido pelo voto popular, enquanto Twins e Blue Jays não tiveram nenhum representante, nem como backups – levando em conta também a preferência por Trevor Bauer para substituir Justin Verlander, que irá subir no montinho no domingo.
Em alguns quesitos, Blake Snell está entre os melhores arremessadores da MLB, não só da Liga Americana. O abridor do Tampa Bay Rays tem a terceira menor média de corridas merecidas (ERA) da liga, 2.09, fecha o grupo dos jogadores com taxa de strikeouts por 9 entradas (K/9) superior a 10, ocupando a 13ª posição na estatística, e lidera as grandes ligas na porcentagem de jogadores deixados em base (LOB%), integrando também o top 20 em Fielding Independent Pitching (FIP).
Snell também pode ser reconhecido fazer diferentes tipos de arremessos com grande velocidade. Ele tem uma das bolas rápidas mais velozes da MLB em média, na nona colocação entre os jogadores da rotação titular, assim como o slider, uma posição abaixo. O changeup é o seu arremesso melhor colocado, no sétimo lugar.
Entretanto, James Paxton é o arremessador mais “ignorado” da AL pelos eleitores. De certa forma, a convocação do principal abridor do Seattle Mariners seria mais difícil: a equipe da divisão Oeste já possui dois reservas eleitos, Mitch Haniger (outfielder) e Nelson Cruz (rebatedor designado), e um arremessador escolhido, o closer Edwin Díaz.
O fechador dos Mariners, aliás, está fazendo uma excelente temporada: é o reliever com maior número de vitórias acima da substituição (WAR) do FanGraphs e líder em saves, com oito a mais do que o segundo colocado no ranking.
Mas Paxton tem demonstrado muitas qualidades, sendo mais eficiente que o próprio Snell nesta temporada. O ace de Seattle é um dos arremessadores que melhor controlam os arremessos, com 25,4% de diferença entre a porcentagem de strikeouts e a de walks, quinta maior da MLB, enquanto a do principal pitcher de Tampa é igual a 19,2%. O maior fator para isso é a quantidade menor de andadas permitidas por James Paxton.
Os dois são muito parecidos em outros números, como os home runs por 9 entradas (HR/9) e o número de walks mais rebatidas por entrada arremessada (WHIP), no qual Blake Snell é apenas 0.04 melhor do que James Paxton (1.03 contra 1.07), e Snell permite um aproveitamento no bastão bem inferior (.182 vs .213), todavia a maior diferença entre os dois é o apoio da defesa. Snell possui a quarta menor diferença de ERA e FIP, ou seja, o seu Fielding Independent Pitching (que, por definição, só considera estatísticas as quais o arremessador pode controlar: strikeouts, walks e home runs) é muito maior do que a média de corridas merecidas, e ela pode considerar o desempenho defensivo; já Paxton tem a oitava maior, tendo o nono melhor FIP da Major League Baseball.
Isso também se reflete nos números gerais das equipes. Os Rays têm a quinta menor diferença de ERA e FIP – 3.55 e 3.81, respectivamente -, enquanto os Mariners possuem 0.07, sendo o primeiro time a registrar um saldo positivo, na 16ª posição.
A não eleição de Blake Snell pode ser considerada injusta, pelos vários números muito bons apresentados pelo arremessador, entretanto, boa parte do público (e os próprios jogadores da MLB) poderiam se lembrar da excelente temporada de James Paxton, sendo um pouco mais consistente que Snell, inclusive. O abridor de Tampa Bay conta com apoio maior da defesa da equipe – o que, de nenhuma forma, tira os méritos dele próprio -, mas o ace de Seattle tem produzido mais individualmente.
ATUALIZAÇÃO – em 13 de julho de 2018, às 16h20
Blake Snell ganhou uma chance no All-Star Game. Ele substituirá Corey Kluber, arremessador do Cleveland Indians, lesionado. Já James Paxton sofreu uma lesão nesta quinta-feira, em jogo contra o Los Angeles Angels e não estará em condições de jogo durante o jogo das estrelas, afastando qualquer possibilidade de “correção” à injustiça.
Fotos: Reprodução Twitter
*Por Luís Martinelli
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