Bonds e Clemens crescem em busca do Hall da Fama
Barry Bonds e Roger Clemens algum dia entrarão no Hall da Fama?
Barry Bonds. Roger Clemens. O primeiro é o recordista histórico de home runs da Major League Baseball (762). O segundo ganhou sete prêmios Cy Young (seis na Liga Americana e um na Liga Nacional) e é visto por muitos especialistas como o maior arremessador dos últimos 30 anos. Os nomes de ambos figuram há quatro anos na lista de candidatos ao Hall da Fama do beisebol, e há quatro anos ambos derrapam na votação.
O motivo, claro, é um só: Clemens e Bonds sofrem com as acusações de uso de esteróides anabolizantes na década de 1990 e início deste século, motivo suficiente para que muitos eleitores não os coloquem na lista de merecedores do Hall da Fama. O mesmo vale/valeu para outros astros, como Sammy Sosa, Mark McGwire e para jogadores que, mesmo sem acusações, sofrem com o estigma de ter atuado na “década dos esteróides”, como Jeff Bagwell e Mike Mussina.
A escolha de Ken Griffey Jr. e Mike Piazza para o Hall, anunciada na quarta-feira (6), pode mudar um pouco a situação, e a divulgação dos votos deste ano também aumenta a esperança de Bonds e Clemens. Piazza, eleito com 83% dos votos, não passou ileso por aquele período e, mesmo sem nada comprovado, seu nome também apareceu na lista de suspeitos. Isso mostra que, talvez, os eleitores do Hall da Fama não estejam mais tão rigorosos em relação ao assunto.
Tão importante quanto isso é a análise dos números. Uma mudança nas regras para definição dos eleitores (quem não cobre beisebol ativamente há mais de 10 anos perdeu o direito de participar do processo) reduziu o número de votos de 549 para 440 entre 2015 e 2016. Mesmo com quase 110 votantes a menos, Barry Bonds passou de 36,8% para 44,3% dos votos, enquanto Clemens saltou de 37,5% para 45,2%.
Isso pode significar que ambos estão ganhando momento, seja com menor rejeição, seja com ajuda de uma classe de eleitores mais nova e com visão mais aberta sobre o uso de PEDs. Outro fator que ajuda os dois astros é o “esvaziamento” da lista de candidatos. Nos últimos três anos, foram 9 jogadores eleitos: Griffey, Piazza (2016), Pedro Martinez, Randy Johnson, John Smoltz, Craig Biggio (2015), Greg Maddux, Tom Glavine e Frank Thomas (2014).
Sem os nove fortes candidatos, além de nomes como McGwire, que deixou a lista por excesso de tempo, os eleitores podem se sentir compelidos a votar em Bonds e Clemens (e também em Mussina, Edgar Martinez e Curt Schilling, que não conseguem decolar mesmo sem as pesadas suspeitas dos dois ex-companheiros de profissão e que, em 2016, estiveram presentes em 49,1%, 46,3% e 59,1% dos votos, respectivamente).
A classe de 2017 tem como principais nomes Ivan Rodríguez, catcher contra quem também pesam suspeitas, Manny Ramírez, punido duas vezes por uso de substâncias ilegais, e Vladimir Guerrero. Retornam, com fortes chances de ganhar votos, Bagwell, Tim Raines e Trevor Hoffman. Com 10 votos por eleitos, escolher Bonds e Clemens já parece um negócio melhor, o que pode gerar percentual maior.
Com mais seis anos de elegibilidade, os dois precisam ganhar impulso agora, pois dificilmente crescerão 25 pontos percentuais em um ou dois anos. Se chegarem perto dos 55% a 60% em 2017, o maior rebatedor e um dos maiores arremessadores dos últimos 30 anos de MLB têm totais condições de, em alguns poucos verões, sentarem-se lado a lado em Cooperstown para efetuar o tão sonhado discurso de inclusão no Hall da Fama.
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