Aos 73 anos, ‘Seu Fernando’ é o atleta de ouro do Bulldogs-PA
'Vovozão do hóquei' acompanhou o surgimento da modalidade na década de 90 e, desde então, não parou mais de competir
Ele nasceu durante a Segunda Guerra Mundial, presenciou o golpe militar de 64 e a conquista do reverenciado Mundial de 70 pelo Brasil, além de ter visto com os próprios olhos a ascensão do Rei Pelé no futebol.
Aos 73 anos, esse “homem de ferro” chamado Fernando Lima, o “Seu Fernando”, parece não envelhecer com o tempo. Patinador há quase 65 anos, ele acompanhou também o surgimento do hóquei inline no Brasil na década de 90 e, neste sábado (11) e no último domingo (12), defendeu as cores do Belém Bulldogs-PA, no torneio Aberto do Espírito Santo, que contou com a participação de oito times do cenário nacional.
Longe de ser um dos times favoritos do torneio, o Bulldogs não ganhou, mas a equipe tem um atleta de ouro do esporte brasileiro que joga na defesa e veste a camisa de número 18.
“Ele é nossa inspiração! Todos o veem treinando e jogando e pensam em querer chegar na idade dele atuando. É uma prazer grande para todos nós ter ele em quadra e ver sua jovialidade contagiante. Além do que, quando estamos cansados e o vemos em quadra, tiramos gás de onde não temos para poder seguir em quadra com tamanho exemplo de vida”, aponta Raimundo Augusto, também defensor da equipe.
Se hoje em dia no esporte de alto rendimento saber a hora de parar é cada vez mais imprecisa – basta observar exemplos recentes como o atacante Jaromir Jagr, do Florida Panthers da National Hockey league (NHL), em plena atividade aos 43 anos- para Seu Fernando cada jogo é um novo recomeço.
“Acho que o mais importante não é a idade. Vou fazer 73 anos, em outubro, mas acho que o importante é ter saúde, e o esporte ajuda a manter a saúde”, destaca.
Trajetória
O hóquei inline é uma variação do hóquei no gelo que conta com aproximadamente 60 times em todo o território nacional. Ela surgiu em meados de 1984, como uma alternativa aos jogadores americanos e canadenses que, ao chegar no período do verão, precisavam se manter em atividade. No Brasil, a variação ganhou espaço mesmo em 1994, com a popularização dos patins em linha e de novos adeptos, mas nunca ganhou espaço na mídia.
“Há 20 anos atrás, nós jogávamos hóquei em Belém. Eram diversos times e eu jogava pela Rollerstar junto com meu filho caçula, o Rodrigo, que na época estava com 12 anos. Na verdade, na época era mais difícil ter notícia sobre a prática do que em outras cidades brasileiras, pela deficiência até dos meios de comunicação”, diz Seu Fernando.
Assim como no hóquei, Seu Fernando já praticou também outras modalidades como a natação, a corrida e a vela, em uma época em que muitos destes esportes ganhavam espaço como o futebol.“O hóquei é realmente um esporte emocionante. Eu patinei muito quando moleque, nos anos 50, mas na época ninguém falava dele e era muito difícil ver alguém patinando nas ruas. Depois disso, pratiquei natação, corrida, vela (hobycat, laser e windsurf) e acabei voltando para o hóquei, com os amigos dos Bulldogs”, diz.
Além de exigir habilidade nos patins, os reflexos com as mãos e o raciocínio rápido são as principais armas dos jogadores nas quadras. A velocidade e o desgaste físico nem sempre atraiu todos os membros da família Lima. “A minha mulher às vezes me acompanha, mas não gosta. Ainda não consegui fazer ela patinar, mas ainda não desisti. O mesmo acontece com a minha neta maior de 13 anos, mas o meu neto Gael, que tem um ano e meio, já está escalado para começar em breve”, revela.
De avô para filho e neto, a família Lima vai criando laços com o esporte. Que seu exemplo seja seguido.
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