Colin Kaepernick e Eric Reid resolvem queixas contra NFL
Os jogadores ex-49ers protestavam contra a desigualdade social e brutalidade policial nos EUA
O ex-quarterback do San Francisco 49ers Colin Kaepernick e o safety do Carolina Panthers, também ex-jogados dos Niners, Eric Reid, chegaram a um acordo com a NFL em relação a queixas de conluio contra a liga nesta sexta-feira (15).
“Nos últimos meses, os advogados do Sr. Kaepernick e do Sr. Reid se engajaram em um diálogo contínuo com representantes da NFL”, afirmou o advogado Mark Geragos em comunicado conjunto com a NFL divulgado na sexta-feira. “Como resultado dessas discussões, as partes decidiram resolver as queixas pendentes. A resolução deste assunto está sujeita a um acordo de confidencialidade para que não haja mais nenhum comentário por parte alguma”.
No caso de Kaepernick, ele prestou uma queixa em outubro de 2017 sob o acordo coletivo de trabalho. O quarterback alegou conluio dos donos das franquias para não contratá-lo, já que tinha dificuldades para conseguir um time para jogar. Desde a temporada 2016 ele está sem qualquer contrato.
O pedido, que exigiu uma audiência sobre o assunto, disse que a NFL e seus proprietários “conspiraram para privar Kaepernick dos direitos trabalhistas em retaliação à liderança e defesa de Kaepernick por igualdade e justiça social, e por levar a consciência a instituições peculiares, ainda minando a igualdade racial nos Estados Unidos”.
O comissário da NFL, Roger Goodell, junto de vários proprietários e pelo menos outros dois executivos da NFL, foram selecionados para depor e convidados a entregar todos os registros e e-mails de celulares em relação ao caso de Kaepernick contra a NFL, disse uma fonte da liga ao insider da ESPN Adam Schefter.
O quarterback e o safety enfrentaram um difícil desafio para ter o ônus da prova, conforme definido no CBA (Acordo Coletivo de Negociação) da liga. O estatuto deixa claro que apenas o desemprego não significa que houve uma conspiração.
“O fracasso de um clube ou clubes em negociar, enviar fichas de oferta, assinar contratos com agentes livres restritos ou jogadores em transição, ou negociar, fazer ofertas ou assinar contratos para os serviços de jogo de tais jogadores ou agentes livres irrestritos, não deve, por si só, ou em combinação, apenas com evidências sobre as habilidades de jogo do(s) jogador(es) que não receberam nenhuma oferta ou contrato, satisfazer o ônus da prova estabelecido”, de acordo com o CBA.
Para provar a conivência, segundo o CBA, Kaepernick e Reid teriam que mostrar que um “clube, seus funcionários ou agentes” tinham “entrado em acordo” para restringir ou limitar a oferta de um contrato.
Kaepernick não passou pela Associação de Jogadores da NFL ao apresentar a queixa, mas contratou Geragos, que representou vários clientes de alto nível, incluindo Michael Jackson, o ex-piloto da NASCAR Jeremy Mayfield e o músico Chris Brown. A NFLPA ofereceu para Kaepernick seu apoio e reiterou sua prontidão para ajudá-lo, “como fazem todos os jogadores”.
“Apoiamos continuamente Colin e Eric desde o início de seus protestos, participamos com seus advogados durante todo o processo, e nos preparamos para participar do próximo julgamento em busca da verdade e da justiça pelo que acreditamos que a NFL e seus clubes fizeram a eles.”, disse o comunicado da NFLPA. “Estamos contentes que Eric tenha conseguido um emprego e um novo contrato, e continuamos a esperar que Colin também tenha a oportunidade”.
Colin Kaepernick ganhou atenção nacional em 2016 quando começou a se ajoelhar durante a execução do hino americano antes das partidas. De acordo com o jogador, ele fazia isso pedindo mais igualdade social nos Estados Unidos. Sua atitude levou outros jogadores a repetirem o protesto, mas também recebeu críticas, inclusive do presidente Donald Trump.
Desde de março de 2017 o quarterback está sem time. Ele teve seu contrato rompido com os 49ers e mais nenhuma equipe o contratou desde então.
Eric Reid foi o primeiro jogador a acompanhar Kaepernick nos protestos contra a desigualdade social e a brutalidade policial. Em maio de 2018, a NFLPA apresentou uma queixa contra a NFL em nome de Reid, alegando que os donos das equipes e a liga, influenciados por Trump, conspiraram para impedir seu emprego por conta de seus protestos.
O safety conseguiu se juntar aos Panthers após sair dos Niners em 2017, e começou a atuar após a Semana 4 da última temporada pela nova equipe. No início desta semana Reid recebeu um novo contrato, de US$ 22 milhões durante três anos.
Ele continuou a se ajoelhar na temporada passada depois de assinar com os Panthers. Não se tornou uma distração, e Reid foi apoiado por seus companheiros, embora nenhum outro jogador tenha se ajoelhado.
“Nós sempre soubemos que ele era um jogador de futebol americano sólido, e ele mostrou isso para nós”, disse o head coach dos Panthers, Ron Rivera, ao site da equipe, ignorando os protestos.
(Foto: Instagram/Colin Kaepernick)