[ENTENDA O JOGO] Como funcionam as revisões de arbitragem nos esportes americanos
Cheia de polêmicas, as revisões de jogadas por meio de tecnologia nas ligas americanas são uma realidade há tempos
O tema revisão de jogadas e marcações da arbitragem é sempre polêmico. As decisões não são fáceis, e até mesmo o velho ditado “uma imagem fala mais que mil palavras” pode gerar opiniões diferentes para um mesmo momento, quando se trata de esportes. No futebol da bola redonda, por exemplo, a FIFA vem testando o sistema em alguns torneios e, até o momento, não conseguiu uma fórmula de tecnologia que agrade totalmente times e torcedores.
Por isso, nas ligas americanas, coube adaptar textos de regras para cada esporte, para que elas se tornem cada vez menos subjetivas. A NFL e a NHL tiveram grandes mudanças nos últimos anos com relação a algumas regras do jogo.
Já a NBA e a MLB não conseguiram isto, mas por envolver menos “fatores externos” em cada lance (geralmente apenas entre 1 ou 2 jogadores e/ou a bola). Nestes casos, a boa e velha decisão de campo, é uma boa saída para os quando não se pode chegar a um consenso.
Já consolidada nos esportes americanos, a tecnologia de revisão de jogadas é uma realidade. Veja como ela funcionam em cada uma das grandes ligas dos Estados Unidos.
NHL
Foi a liga pioneira ao apresentar a revisão de jogadas através de um replay, em meados de 1955, no Canadá. Um anos depois, foi instalado um sistema de videotape, que chegava minutos depois (igualmente o sistema predecessor), incapaz de paralisar ou exibir imagens em slow motion. Só em 1967 uma máquina era capaz de paralisar os lances e tornar mais confiável e até aceitável, praticamente nos moldes de como é conhecido hoje.
A NHL também se tornou pioneira nos EUA ao lançar uma Central de Vídeo, na qual as decisões das jogadas são tomadas por um Árbitro de Vídeo, que indica apenas por áudio a decisão final ao árbitro do jogo. Esta decisão é tomada se há algum indício para alteração da chamada inicial da jogada. A Central de Replays da NHL fica em Toronto, Canadá.
Apenas lances em situação de gol podem ser revistos pelo vídeo, para não atrapalhar o rápido dinamismo do hóquei. Na temporada 2015-2016, a regra do jogo sofreu uma alteração; antes, as revisões somente podiam ser solicitadas pelo árbitro; após a alteração, os técnicos passaram a ter um desafio por partida, consumindo um pedido de tempo, para solicitar uma revisão de vídeo nas situações de gol.
NFL
Em 1978, se iniciou a revisão de jogadas por vídeo na NFL, mas apenas em 1985 um sistema aparentemente efetivo começou a ser testado. A partir de 1992 as revisões passaram a ser no formato de hoje, com algumas pequenas alterações durante os anos.
Atualmente, o técnico pode desafiar decisões, antes do início da jogada seguinte, atirando uma flanela vermelha no gramado, ou através de um botão em um pager, em que um técnico de vídeo da equipe, chama a atenção do árbitro por um equipamento vibratório em seu braço, para indicar o desafio. No modelo atual, quase todas as jogadas podem ser desafiadas, exceto as faltas, que não são passíveis de revisão. Cada técnico pode fazer um desafio por tempo e, caso ele não consiga reverter a chamada, seu time perde um timeout.
Desde 2014, uma central de replays, na cidade de Nova York, auxilia os árbitros de campo nas tomadas de decisão das jogadas, oferecendo diversos ângulos e indagações para que a decisão seja tomada, além de já prepararem os replays, instantaneamente à solicitação. O árbitro acompanha os replays numa cabine, com as imagens de alta qualidade oferecidas pela Central.
Como citado anteriormente, em 2015 a NFL mudou o texto da regra, na qual dizia apenas que uma recepção é feita após um subjetivo “football move” (movimento instintivo do jogo), após um lance do recebedor Dez Bryant, no qual ele apoia a bola no solo para conseguir o “football move“. Depois de longas opiniões sobre os replays do lance, a NFL se convenceu a mudar o texto da regra para: Após a recepção e o “football move“, o jogador deve ser suficientemente capaz de se estabilizar para se tornar um corredor, para que assim se caracterize um passe completo.
Agora é a sua vez: veja o lance de Dez Bryant e “tente” chegar a um consenso:
Vale dizer que hoje todas as pontuações de um jogo são revisadas pela central de replays. As mais polêmicas passam também pela arbitragem de campo, que pode reverter uma chamada mesmo sem que um técnico tenha desafiado o lance. Nos dois minutos finais de jogo, por exemplo, não é possível desafiar jogadas.
NBA
A NBA instituiu o replay na temporada 2002-03, na qual apenas revisava se os arremessos foram feitos antes de expirar o tempo de 24 segundos ou de jogo, e ainda, se válido, se foi de 2 ou 3 pontos, ou se o jogador estava dentro de quadra, caso contrário, o lance era invalidado. Também foi instituído para faltas no último segundo, viabilizando também as variáveis do lance.
Apenas em 2008, novos tipos de situações de desafios foram adicionadas. E até 2014, novas situações foram inseridas ano a ano, algo que se estabilizou hoje; ao todo foram 12 adições desde o início da revisão de jogadas com uso da tecnologia.
Os replays são vistos pelos árbitros através de um monitor, disposto na mesa oficial de anotações do jogo. Apenas durante a temporada 2014/15 a NBA inaugurou a Central de Replays, de última geração, em Secaucus, Nova Jérsei. A central auxilia os árbitros de quadra já escolhendo as melhores imagens e indagações dos lances, diminuindo o tempo das revisões. Antes dessa central, as imagens que os árbitros obtinham eram as mesmas do sistema de imagens das próprias arenas.
Não existe pedido de revisão de jogadas, cabendo aos árbitros decidir quando isso é necessário. Apesar disso, é muito comum que os jogadores façam gestos indicando que os juízes revejam determinados lances.
MLB
Como sempre relutante em manter as tradições, a MLB foi a última grande liga dos Estados Unidos a estabelecer replays para a decisão de jogadas. Em 2008, apenas situações de home run podiam ser revisadas. Já seguindo o padrão pioneiro do hóquei, com decisões a partir de uma Central de Replays, situada até hoje na cidade de Nova York.
As decisões são exclusivamente tomadas por um árbitro de vídeo da Central, que analisa as imagens. Os árbitros de campo acompanham a discussão apenas por áudio e, assim, são informados da decisão final do lance.
A maioria das situações podem ser desafiadas, principalmente as de home runs e chegadas em bases. Mas os desafios são limitados. Os técnicos têm direito a um desafio por jogo; caso reverta a decisão de campo anterior, o direito de desafiar é mantido para mais alguma oportunidade. A partir da 7ª entrada, os árbitros podem solicitar revisões de jogadas duvidosas, e a qualquer momento da partida, eles também podem solicitar uma revisão em jogadas de home run.
Lembrando também que na MLB os árbitros podem simplesmente fazer uma conferência e decidir o rumo de uma jogada que não é passível de revisão; é o caso de bolas fora da zona de strike ou hit by pitch, por exemplo.
(Imagens: Thearon W. Henderson/Getty Images; divulgação NFL/NHL/NBA/MLB/Patriots.com)