As 5 histórias mais loucas envolvendo trocas na NHL
Conheça as cinco trocas mais pitorescas na história da NHL. Você não conseguirá imaginar o que aconteceu...
Nesta temporada da NHL, a troca entre três equipes, que mandou Matt Duchene para o Ottawa Senators, agitou o mercado da liga. As negociações são algo comum e por muitas vezes, surpreendem fãs em todas as cidades dos Estados Unidos e Canadá, além dos demais entusiastas espalhados pelo mundo.
Voltando na história da NHL, poderemos ver algumas trocas que chocaram a todos. A mais conhecida foi a que levou a lenda Wayne Gretzky de Edmonton para o Los Angeles Kings. Temos também a de Cam Neely, saindo do Vancouver Canucks e se tornando uma estrela no Boston Bruins. Mas o texto de hoje não é sobre essas negociações…
Por trás de cada troca, temos a vida dos jogadores, que acaba sendo transformada em questão de minutos, e por muitas vezes contra as vontades deles. Ainda temos as negociações onde a via de mão dupla traz compensações, no mínimo, engraçadas (se você não é o jogador dentro da troca, é claro!). Não iremos avaliar o que aconteceu, mas a ideia é trazer as melhores histórias, principalmente dos bastidores, para que possamos nos divertir, relembrando alguns dos momentos mais engraçados do hóquei no gelo.
Fizemos um top 5, com as cinco trocas mais pitorescas e etemos certeza que você vai se surpreender com tudo que irá ler. Relaxe, e se prepare para rir, se assustar e gostar ainda mais da National Hockey League!
5. VESTIÁRIOS ERRADOS
Para o New York Rangers: Esa Tikkanen
Para o Edmonton Oilers: Doug Weight
Ano de 1993. O New York Rangers buscava sair da maldição, que mantinha o time sem conquistar a Stanley Cup havia mais de 50 anos. Escolhido no Draft de 1990, Doug Weight (atual treinador do New York Islanders) se mostrava um bom center, que combinava habilidade com força defensiva. Mas o jovem de 22 anos não encontrava muito espaço dentro do elenco estrelado dos Rangers e se via por muitas vezes relegado à quarta linha.
17 de março de 1993. A equipes anunciou a troca de Weight por Esa Tikkanen, outro center, com o Edmonton Oilers. Com 28 anos, Tikkanen era aquele jogador de força clássico, que ajudaria muito a defesa e o penalty kill dos Rangers. Até aí, nada demais, certo? O curioso é que no mesmo dia, os Oilers visitavam os Rangers para mais um jogo, pela temporada regular da NHL.
Ambos os times já nos vestiários do Madison Square Garden, realizando os últimos preparativos para a partida, quando a notícia chega. Weight e Tikkanen tiveram a mesma atitude. Arrumaram seus equipamentos e trocaram de vestiários! Cerca de meia hora depois do anúncio da troca, os jogadores estavam no gelo por suas novas equipes, jogando contra seus ex-companheiros. Nenhum teve grande destaque na partida, que terminou com a vitória dos Oilers na prorrogação por 4 a 3.
Weight teve uma carreira de sucesso, somando mais de 1.200 jogos na NHL, com 1.038 pontos marcados. Tikkanen foi fundamental no título dos Rangers em 1994, quebrando a maldição de 54 anos – agora são mais 23 de seca em NY. Se a troca acabou sendo boa para todos, os jogadores tiveram um espírito esportivo gigante!
4. TROCA POR UM TROCADO
Para o Detroit Red Wings: Kris Draper
Para o Winnipeg Jets: US$ 1
Ainda em 1993, mas agora em julho, em pleno verão americano. Kris Draper era mais um jovem que buscava se tornar um jogador regular na NHL. Selecionado na 62ª posição no Draft de 1989 pelo Winnipeg Jets, Draper vivia na gangorra entre NHL e AHL. Os Jets, já vivendo com o dilema de saírem de Winnipeg, (o que aconteceu ao final da temporada 94-95), queriam economizar o máximo possível. Draper não tinha um salário alto, mas jogando na AHL, o preço era um pouco salgado para o time canadense.
Os Jets acertaram com o Detroit Red Wings e mandaram Draper para um dos favoritos ao título. O jogador começou no Adironack Red Wings, time afiliado da AHL, mas no meio da temporada, subiu para o elenco principal e fez parte de uma das linhas mais famosas dos Red Wings, a “Grind Line” (algo como a linha da briga), junto com Darren McCarthy e Kirk Maltby, fundamental para os títulos que o time conquistou no final da década de 90.
O que os Jets receberam em troca? Um dólar. Isso mesmo, um dólar americano (McCarthy sempre disse que era um dólar canadense, que tem menor valor). O importante na época para os Jets era se livrar do contrato de Draper, economizando um dinheiro necessário naqueles anos. Os Red Wings, que não tinham nada a ver com isso, conseguiram um jogador crucial para a franquia, por quase nada. Foram 1.350 jogos em 18 temporadas jogando por Detroit, conquistando quatro Stanley Cups.
“Só fui saber disso durante os playoffs em 1994, na primeira rodada contra San Jose. Um repórter local, quando terminou a entrevista me disse: ‘Nada mal para um cara que foi trocado por um dólar’. Eu o chamei de volta e disse: ‘Oi, que história é essa?’. Então ele me contou e eu comecei a rir. Muito tempo depois, numa cerimônia de homenagem ao título de 1997, encontrei com Mike Ilitch (na época, o dono dos Red Wings) e devolvi o dólar pra ele. Ele riu bastante, me agradeceu e ficou com a nota.”, disse Draper, que hoje é assistente do GM de Detroit, Ken Holland.
3. CULPA DA NOITADA
Para o New York Rangers: Jamie McLennan , Blair Betts e Greg Moore
Para o Calgary Flames: Chris Simon, escolha de 7ª rodada no draft de 2004.
Jamie McLennan teve uma carreira de 12 anos na NHL, com passagens por diversos times, normalmente atuando como goleiro reserva na maioria dos lugares por onde esteve. Em 2004, o jogador era reserva de Roman Turek com o Calgary Flames, equipe que chegou à decisão da Stanley Cup naquele ano, saindo derrotada para o Tampa Bay Lightning no jogo 7 da decisão. Mas McLennan não chegou até lá…
5 de março de 2004, os Flames eram derrotados pelo Dallas Stars pelo placar de 5 a 1, fora de casa. Dois dias depois, a equipe iria até Denver, para enfrentar o Colorado Avalanche, numa dura sequência de jogos longe do Canadá. Ao final do jogo, a equipe retornou ao hotel para, no dia seguinte, seguir de ônibus para Colorado. Bem, acho melhor o próprio McLennan contar a história…
“Estávamos em Dallas, perdemos feio naquela noite. Ficaríamos na cidade pois iríamos pra Colorado no dia seguinte. Não conseguia dormir, decidi sair do hotel. Acabei me empolgando, bebi algumas cervejas e voltei às cinco da manhã (ninguém bebe só algumas e volta às cinco, mas…). Quando cheguei no lobby do hotel, vi Darryl Sutter (GM dos Flames na época) andando de um lado pro outro. Quis passar despercebido, mas trocamos olhares. Nosso ônibus saía meio-dia, então subi para o quarto, dormi um pouco e às 11 horas, desci para o saguão. Encontrei Sutter de novo e ele me disse: ‘Acabei de trocar você com os Rangers’. Fiquei espantado! E perguntei a ele: ‘Mas foi porque cheguei tarde ontem?’ Ele riu e disse que não. Ao invés do ônibus, peguei um táxi e fui para o aeroporto.”, disse McLennan, atualmente comentarista de hóquei para o canal TSN.
2. SEM RUMO
(Vamos começar sem a ficha técnica da troca, senão estragamos o final dela…)
Martin Biron era goleiro do Buffalo Sabres, meio desapontado pois tinha perdido a vaga de titular para um jovem talentoso chamado Ryan Miller. Dia 27 de fevereiro de 2007, data limite para trocas naquela temporada, os Sabres iriam enfrentar o Toronto Maple Leafs, fora de casa, ainda na busca de uma vaga aos playoffs. Biron estava no vestiário, se arrumando para o treino da manhã, e ligou a TV, para poder acompanhar as notícias da NHL.
Um membro da comissão técnica chama o goleiro e avisa: “Lindy (Lindy Ruff, treinador dos Sabres na época) pediu pra te avisar que ele quer conversar com você”. Biron disse “ok” e logo depois, Ruff aparece no vestiário. Desliga a TV e começa o seguinte diálogo com Biron:
– Marty, se você pudesse escolher, você gostaria de ser trocado hoje?
– Não sei, é algo que não controlo, sigo o fluxo dos acontecimentos.
– Mas você quer ser o principal goleiro de uma equipe, certo?
– Sim, claro!
– Ok, então estou te avisando que acabamos de trocar você.
– Hum, está bem. Pra aonde? – perguntou Biron, com certa cara de espanto.
– Ainda não sabemos, falta resolver a papelada. Mas a troca está certa. – disparou Ruff.
– Mas o que eu faço agora???
Biron recolheu seu equipamento e retornou ao hotel, nem participando do treinamento. Alguns repórteres que cobriram a atividade chegaram a informar que todo o elenco dos Sabres participou do treino (os caras não viram que só tinha um goleiro???), sem indícios de alguém deixando o time por causa de uma troca. No quarto do hotel, Biron ligou a TV e nenhuma notícia sobre a sua troca. Ligou para casa, informou que tinha sido negociado, mas ainda sem saber pra aonde. Depois de mais de uma hora, Darcy Regier, GM dos Sabres na época, liga para Biron e temos mais um diálogo surreal:
– Biron, já resolvemos tudo. Daqui a pouco, um carro vai te levar de volta para Buffalo e de lá você vai pegar um vôo para Boston.
– Então vou jogar pelos Bruins?
– Não, trocamos você com o Philadelphia Flyers. Eles estão em Boston e jogam hoje à noite.
Enfim, Biron conheceu o seu destino…
1. NHL PÔQUER
O ano era 1987. Brad Maxwell era um dos poucos defensores na NHL que sabiam construir o ataque, sendo assim um jogador sempre cortejado. Escolhido na primeira rodada no Draft de 1977, foi importante por vários anos para o Minnesota North Stars (atual Dallas Stars). Na primeira temporada na NHL, marcou 18 gols e 29 assistências, em 75 partidas.
Dez anos depois, Maxwell estava no New York Rangers, que tinha a lenda Phil Esposito como general manager. No antigo time de Maxwell, o GM era outra lenda, Lou Nanne, mais conhecido como Louie. Os dois dirigentes eram amigos de infância, tinham casas no mesmo condomínio na Flórida e sempre que possível jogavam golfe juntos.
Um belo dia, os dois amigos se reuniram para um jogo de pôquer. A diversão acabou ficando séria e o jogo virou em uma disputa com grandes apostas. Esposito achou que tinha uma boa mão, mas Louie deu o troco, saindo com a mesa cheia. Qual foi a aposta? Ele mesmo, Brad Maxwell!! O GM dos Rangers chamou o jogador no dia 21 de fevereiro de 1987, e sem maiores rodeios, abriu o jogo com o defensor, dizendo que Maxwell foi trocado por considerações futuras (que na verdade, significa “pode levar e depois me paga um saco de balas”), e iria retornar para o Minnesota North Stars para o restante da temporada.
“Quando cheguei em Minnesota, perguntei ao Louie, que até hoje nega a aposta. Esposito não iria mentir pra mim, sem ter nada por trás. Só gostaria de saber se ele tinha uma boa mão ou acabei sendo um blefe que deu errado…” disse Maxwell, que se aposentou da NHL no fim da temporada de 1987, com a camisa do North Stars.
Fotos: Divulgação NHL.com, Youtube, Twitter Buffalo Sabres