Quente ou frio: o termômetro do Fantasy Football na Semana 15 da NFL 2018
Confira com quem você pode contar ou em quem é melhor não confiar na rodada mais importante do ano até agora
Supondo que sua liga segue o padrão e não se arrasta até a semana 17, em que muitos times poupam seus principais jogadores por não terem mais nada a disputar (caso contrário, aconselho que você procure seu commissioner e sugira uma mudança para o calendário da próxima temporada), a semana 15 da NFL representa a chegada das semifinais do campeonato que realmente importa: sua liga de fantasy football!
Brincadeiras à parte (ou nem tanto), é com muito orgulho que eu, André Amaral, recebi o convite do meu grande amigo José Ferraz, para escrever este artigo em conjunto, o qual também pode ser chamado de baita responsa, em que procurarei passar algumas dicas que, tomara, te ajudem a alcançar a grande final e, consequentemente, dar continuidade ao objetivo principal: a conquista do título e dos famosos braging rights, também conhecidos como o direito de eternamente zoar seus amiguinhos.
Por outro lado, há a possibilidade de que você esteja tentando evitar o tão cruel rebaixamento, como sei que é o caso do Zé na liga do próprio The Playoffs, hipótese em que a necessidade de consumir o máximo de informação possível e, por tabela, a responsabilidade deste que vos escreve, fica ainda maior.
Antes de partir para os finalmentes, deixo alguns esclarecimentos. Além das superestrelas, tais como Patrick Mahomes, Saquon Barkley, DeAndre Hopkins e Travis Kelce, outros jogadores sem tanto nome, mas que vêm constantemente figurando entre os dez melhores de sua posição, como, por exemplo, Phillip Lindsay, Nick Chubb e George Kittle, não serão mencionados, pois são escolhas bastante óbvias. Por fim, saiba que as dicas se baseiam no formato mais popular entre nós brasileiros: standard ou non-PPR, ou seja, sem que se atribua qualquer pontuação por recepções.
Foto: Reprodução Twitter/Vikings
Quarterbacks quentes
Jared Goff (Los Angeles Rams vs Philadelphia Eagles) – Retornando à ensolarada (ou no mínimo mais quentinha) Califórnia, o camisa 16 tem tudo para deixar para trás o pífio jogo apresentado no congelante e hostil Soldier Field. Famoso por desempenhar-se muito melhor em temperaturas mais amenas, Goff e seu técnico, o jovem gênio ofensivo Sean McVay, estão com sangue nos olhos para restabelecer o show de ataque que a equipe vinha realizando até o encontro da última semana com Khalil Mack e companhia. Para tanto, recebem uma secundária formada quase totalmente por reservas e que permitiu ao menos 363 jardas e três TDs por jogo para Drew Brees e Dak Prescott nas duas últimas ocasiões em que jogou fora de seus domínios.
Kirk Cousins (Minnesota Vikings vs Miami Dolphins) – Apesar de performances decepcionantes nos dois jogos passados, “Captain Kirk” retorna ao U.S. Bank Stadium para enfrentar uma defesa que, em quatro das últimas seis semanas, concedeu no mínimo a sexta maior pontuação da rodada a cada QB que enfrentou, com ao menos dois TDs de passe em cinco desses seis jogos, à exceção do fraco ataque dos Jets. Contando com uma dupla de recebedores que figura dentre as melhores da liga, além da ascensão do RB Dalvin Cook no jogo aéreo e a recente promoção do técnico de QBs ao cargo de coordenador ofensivo, o ex-jogador de Washington tem diante de si a mesma oportunidade para “renascer” nas estatísticas da qual Tom Brady tirou vantagem na rodada passada.
Outros QBs quentes: Phillip Rivers (LAC @ KC), Lamar Jackson (BAL vs TB), Josh Allen (BUF @ DET)
Quarterbacks frios
Aaron Rodgers (Green Bay Packers @ Chicago Bears) – Passando longe de corresponder à média de escolha número 1 dentre os QBs no Draft que todos fizemos lá em agosto ou setembro, A-Rod é, a duas rodadas do término da temporada de fantasy, apenas o nono jogador da posição em pontos totais. Tal frustração não parece estar destinada a ser atenuada nesta semana, já que os Packers encaram a unidade defensiva que acabou de limitar o melhor ataque da conferência a apenas seis pontos e nenhum TD. Claro que o talento transcendental e o histórico do camisa 12 contra os rivais de divisão são capazes de alterar qualquer panorama. Porém, a intensidade e qualidade com que a defesa dos Bears vem jogando, principalmente em casa, fazem com que se tenha ao menos um pé atrás com o futuro membro do hall da fama.
Matt Ryan (Atlanta Falcons vs Arizona Cardinals) – Embora o matchup pareça bom à primeira vista, já que Arizona é um dos piores, se não o pior time da NFL, é preciso olhar os números por um breve instante. Contando com dez derrotas em 13 partidas, os Cardinals são tão ineficientes no ataque e tão vulneráveis ao jogo corrido, figurando na terceira posição dentre as equipes que mais cedem pontos à posição de RB, que os QBs que os enfrentam quase sempre não se veem obrigados a tentar muitos passes. Ao mesmo tempo, o maior trunfo – ou menor defeito – do time sediado em Glendale é exatamente a defesa contra o passe, na medida em que é o segundo que menos permite pontos a signal callers.
Outros QBs frios: Jameis Winston (TB @ BAL), Matthew Stafford (DET @ BUF), Eli Manning (NYG vs TEN)
Running Backs quentes
Dalvin Cook (Minnesota Vikings vs Miami Dolphins) – Finalmente saudável e a cada jogo dividindo menos snaps com o power back Latavius Murray, inclusive em descidas mais curtas perto da goal line, o segundanista que brilhou em sua temporada de calouro vem retomando a dominância apresentada ano passado, com destaque para o alto número de alvos e passes recebidos nas últimas três semanas, em que marcou mais de 10 pontos no fantasy por rodada, com dois TDs aéreos. Esta semana joga em casa contra a sétima defesa que mais cede pontos para RBs. Escale com confiança.
Doug Martin (Oakland Raiders @ Cincinnati Bengals) – Mesmo em um time que beira a disfuncionalidade, o veterano vem recebendo um estável número de carregadas por jogo, sempre acima de dez, e trabalhando razoavelmente bem com elas, o que significa que, se o número de jardas por corrida não impressiona, o aproveitamento na red zone é muito bom, na medida em que marcou um TD em cada um dos últimos três jogos, inclusive contra Ravens e Steelers, defesas que estão entre as dez melhores contra RBs, todos a partir da linha de uma jarda. Nesta rodada, o adversário não poderia ser melhor, já que Cincinnati é quem mais cede pontos para a posição, tendo permitido um total de sete TDs para RBs nos últimos quatro jogos, seis corridos e um aéreo.
Outros RBs quentes: Derrick Henry (TEN @ NYG), Gus Edwards e Kenneth Dixon (BAL vs TB), Damien Williams (KC vs LAC)
Running Backs frios
Adrian Peterson (Washington Redskins @ Jacksonville Jaguars) – Com o time dizimado por desfalques na linha ofensiva e dividindo o backfield com o quarto QB diferente em um só ano, o interminável Adrian Peterson é, mais do que nunca, o evidente ponto focal do ataque de Washington, atraindo toda a atenção da defesa adversária, o que significa mais dificuldades para achar espaços e maior vulnerabilidade a tackles e, na pior das hipóteses, fumbles. Além disso, ele viaja para a Flórida para enfrentar uma unidade defensiva que, se passa longe de ser o que foi em 2017 e apesar da explosão que permitiu a Derrick Henry no último Thursday Night Football, vem desempenhando um bom papel contra o jogo corrido, atualmente na oitava posição no ranking de pontos cedidos para a posição de RB.
James White (New England Patriots @ Pittsburgh Steelers) – Eu sei. Ele provavelmente foi um dos principais responsáveis por fazer você chegar tão longe na sua liga, já que se posiciona como o RB nº10 em pontos totais e foi um verdadeiro monstro na primeira metade da temporada. Acontece que de dois jogos para cá, Tom Brady conta com seu arsenal completo de armas, já que Rex Burkhead e Rob Gronkowski retornaram de contusão e estão cada vez mais saudáveis, sem contar Julian Edelman e Sony Michel, que haviam desfalcado a equipe por suspensão ou lesão em rodadas anteriores, além da adição de Josh Gordon a partir da semana 4. Com todas estas “bocas para alimentar”, especialmente no jogo aéreo, principal característica de White, torna-se muito difícil prever um número mínimo de toques para o camisa 28, com o máximo dificilmente chegando a 15, podendo nem mesmo atingir os dez, ainda mais ao perceber que sua porcentagem de snaps vem caindo rodada a rodada. O jogo contra Pittsburgh avizinha-se de alta pontuação e muitos passes, o que, somado à gratidão decorrente do histórico de White na parte inicial da temporada e a uma possível falta de opções melhores na sua reserva ou nos waivers, faça com que você não tenha como deixá-lo no banco. Ainda assim, aconselha-se ponderação nas expectativas.
Outros RBs frios: Aaron Jones (GB @ CHI), Kenyan Drake (MIA @ MIN), Josh Adams (PHI @ LAR)
Wide Receivers quentes
Amari Cooper (Dallas Cowboys @ Indianapolis Colts) – Podendo ser classificado como a definição de quentura após ter somado 217 jardas e 3 TDs na semana 14, o camisa 19 é o representante maior do ponto de virada que a temporada dos Cowboys teve a partir de sua chegada via troca com os Raiders. Se ainda não é possível dizer que ele deixou 100% para trás o rótulo de boom or bust que sempre o acompanhou em Oakland, com os busts sendo bem mais frequentes que os booms, é evidente que, em Dallas, está sendo tratado com muito mais carinho e, principalmente, regularidade no que diz respeito aos alvos recebidos, os quais não foram menos de oito em cada uma das últimas três rodadas. Ainda que Indianapolis não represente o mais fácil dos matchups para WRs e o jogo não seja no AT&T Stadium, palco das suas melhores performances, torna-se muito difícil não escalar Amari Cooper diante do potencial explosivo que oferece.
Tyler Boyd (Cincinnati Bengals vs Oakland Raiders) – Mesmo recebendo passes do “possante” Jeff Driskel desde a contusão de Andy Dalton e sem a vantagem de atrair a marcação menos difícil a partir do momento em que A.J. Green se lesionou, o terceiro anista continua a garantir pontuações no mínimo razoáveis a quem teve a sagacidade de retirá-lo dos waivers lá no início da temporada. Nesta semana, jogando em casa, encara a frágil secundária dos Raiders, que, na rodada passada, permitiu 130 jardas e 2 TDs para JuJu Smith-Schuster, que assim como Boyd, gosta de jogar no slot, fazendo com que o camisa 83 dos Bengals represente uma sólida opção como flex.
Outros WRs quentes: Robert Woods e Brandin Cooks(LAR vs PHI), Curtis Samuel (CAR vs NO), Dante Pettis (SF vs SEA)
Wide Receivers frios
Kenny Golladay (Detroit Lions @ Buffalo Bills) – Ainda que tenha se tornado o incontestável WR 1 dos Lions depois da saída de Golden Tate para Philadelphia e a contusão de Marvin Jones, o que lhe rendeu uma chuva de alvos e jardas nas primeiras semanas em que esteve nesta condição, “Babytron” vem gradativamente caindo de produção em número de jardas à medida em que as defesas adversárias o identificam como a óbvia arma principal do oponente, dedicando-lhe intensa atenção, especialmente quando Detroit segue sem contar com o bom novato Kerryon Johnson na posição de RB. Este cenário só piora quando o responsável por sua marcação direta é um cornerback com status de elite, a exemplo de Patrick Peterson, que o limitou a apenas 5 jardas em 2 recepções na rodada passada. Não será muito diferente na semana 15, quando terá de viajar para o gélido nordeste americano para encarar o potencial futuro pro bowler Tre’Davious White, que vem se estabelecendo como um dos melhores corners da liga em seu segundo ano.
Alshon Jeffery (Philadelphia Eagles @ Los Angeles Rams) – Mesmo tendo finalmente conseguido alcançar os dígitos duplos na última rodada, em que marcou 11 pontos graças a seu primeiro TD desde a semana 8, o camisa 17 ainda assim não superou a barreira das 50 jardas, circunstância que se mantém há seis rodadas, excluída a bye week. Frente a este retrospecto nada animador e enfrentando uma secundária que apresentou significativa melhora a partir do retorno de Aqib Talib, fica complicado confiar no recebedor que foi tão importante para a conquista do Super Bowl LII. Com a notícia de que Carson Wentz não estará em campo neste domingo e provavelmente só voltará ano que vem, torna-se possível apostar na química demonstrada entre Jeffery e Nick Foles nos playoffs da temporada passada, mas saiba que é por sua própria conta e risco.
Outros WRs frios: Chris Godwin (TB @ BAL), Courtland Sutton (DEN vs CLE), Josh Doctson (WSH @ JAX)
Tight Ends quentes
Jared Cook (Oakland Raiders @ Cincinnati Bengals) – Fazendo parte de um seleto grupo de TEs minimamente confiáveis, que se posiciona na fronteira entre os no brainers formado por Kelce, Ertz e, um pouco abaixo, Kittle e Ebron, e o grande oceano de mediocridade dos demais jogadores da posição, estando ao lado de, quem diria, Rob Gronkowski, que somente agora parece retomar à velha forma, Cook vem de duas partidas seguidas com mais de 100 jardas, além de três TDs nos últimos quatro jogos. Encarando uma defesa que aparece na metade debaixo da tabela das que mais permitem pontos a TEs e confiando que a média de nove alvos em cada partida mais recente que superou as 100 jardas será mantida, o camisa 87 representa uma opção segura em uma posição na qual a maioria de seus representantes beira a aleatoriedade.
Vance McDonald (Pittsburgh Steelers vs New England Patriots) – Longe de não integrar o oceano de mediocridade citado nas considerações a Jared Cook, McDonald surge como uma aposta levemente menos aleatória em comparação com a imensa maioria de seus companheiros de posição. Isto porque estará envolvido em um jogo que se projeta de alta pontuação e contra um adversário que está empatado na terceira posição dentre aqueles que mais permitiram TDs para TEs ao longo do ano (7).
Outros TEs quentes: Eric Ebron (DET vs DAL), Cameron Brate (TB @ BAL), David Njoku (CLE @ DEN)
Tight Ends frios
Jimmy Graham (Green Bay Packers @ Chicago Bears) – Se você chegou até as semifinais, provavelmente já se deu conta disso, mas, se não for o caso, não se deixe enganar pelo nome e fama do ex-jogador de Saints e Seahawks. Independentemente do dificílimo matchup contra a melhor defesa da conferência nacional, o camisa 80 vem de cinco jogos com 50 jardas ou menos e, ainda pior, está jogando com o polegar da mão esquerda quebrado desde a semana 12.
Trey Burton (Chicago Bears vs Green Bay Packers) – Com uma “incrível” somatória de 3,9 pontos nos últimos quatro jogos, incluindo uma partida em que zerou, Burton vem se consolidando, especialmente na segunda metade da temporada, como um absoluto bust para aqueles que confiavam que ele poderia emular o papel de Travis Kelce no playbook de Matt Nagy, aprendiz do “guru” Andy Reid. A situação só piora ao verificar-se que os Packers, adversários da semana, permitiram apenas um TD a um TE ao longo de toda a temporada, sendo o segundo time que menos cede pontos para a posição.
Outros TEs frios: Evan Engram (NYG vs TEN – supondo a volta de OBJ), Kyle Rudolph (MIN vs MIA), Antonio Gates (LAC @ KC)
Defesas quentes
Seattle Seahawks (@ San Francisco 49ers) – Invicto há quatro jogos, o Seattle Seahawks tem em sua defesa uma das principais razões de tal sequência de vitórias, principalmente nas últimas duas partidas, em que a unidade defensiva e de special teams superou ou beirou os 15 pontos, com um total de cinco sacks, uma interceptação, três fumbles recuperados e dois TDs. Liderada pelo eletrizante linebacker Bobby Wagner, os gaviões do mar voltam a enfrentar o time contra o qual, há duas rodadas, somou 16 pontos e, no geral, figura como o terceiro que mais cede pontos a defesas.
Baltimore Ravens (vs Tampa Bay Buccaneers) – Líder ou vice-líder em muitas das mais importantes estatísticas do “mundo real”, tais como pontos cedidos por jogo e jardas cedidas por jogo, a defesa de Baltimore tem aumentado o número de turnovers forçados nas últimas rodadas e, nesta semana, recebe os Buccaneers, ataque que, se é o segundo com mais jardas por jogo de toda a liga, é o segundo que mais cede pontos a defesas, notadamente por ser propenso a entregar a bola ao adversário.
Outras defesas quentes: Jacksonville Jaguars (vs WSH), Houston Texans (@ NYJ), Buffalo Bills (vs DET)
Defesas frias
Dallas Cowboys (@ Indianapolis Colts) – Ainda que a jovem defesa dos Cowboys venha desempenhando um papel fundamental na ascensão que levou o time à liderança da Divisão Leste da NFC, isto não tem se refletido no fantasy, já que a baixa quantidade de turnovers forçados impediu que atingisse mais de 10 pontos desde a semana 7. Nesta rodada ainda há o agravante de enfrentar Andrew Luck e companhia fora de casa, em uma partida determinante para as pretensões de classificação dos Colts aos playoffs.
Washington Redskins (@ Jacksonville Jaguars) – Em condições normais, um confronto contra um ataque liderado por Cody Kessler representa uma boa oportunidade. Entretanto, há que se levar em consideração o contexto geral da franquia de Washington. Após ter despontado como favorito à sua divisão, muito por conta da performance de sua defesa, os Redskins sofreram o duro golpe de ver seus dois principais QBs declarados fora da temporada por conta de lesões, ao mesmo tempo em que contusões também afetaram a linha ofensiva. Obrigados a escalar QBs de qualidade no mínimo duvidosa e que não participaram da pré-temporada, sem qualquer química com o restante do elenco ou familiaridade com o playbook, o ataque praticamente estéril faz com que a defesa passe excessivo tempo em campo, lidando, em regra, com jogadas que oferecem risco mínimo ou quase nulo de terminar em turnovers. Isso que gera cansaço e, consequentemente, desempenho mais fraco, conforme demonstrado pelas últimas três pontuações, que, juntas, totalizaram sete pontos, exatamente nos jogos em que Alex Smith esteve ausente.
Outras defesas frias: Los Angeles Chargers (@ KC), Pittsburgh Steelers (vs NE), Philadelphia Eagles (@ LAR)
Texto com colaboração de André Amaral