[PRÉVIA] Playoffs da NFL: New England Patriots @ Kansas City Chiefs
Brady e Mahomes comandam dois dos melhores ataques da temporada na final da AFC; quem leva a melhor?
Semana de finais de Conferência da NFL causa uma sensação ambígua nos fãs do futebol americano. Se por um lado somos agraciados com dois dos melhores jogos da temporada, por outro sabemos que o fim está próximo e logo logo teremos que aguardar longos sete meses até o início da próxima temporada. Mas antes de nos afundarmos em lágrimas, vamos analisar o jogo sensacional que está por vir na final da AFC, neste domingo (20/01), quando o Kansas City Chiefs recebe o New England Patriots para decidir quem vai ao Super Bowl no dia 3 de fevereiro.
De um lado temos o provável MVP da liga, Patrick Mahomes, comandado pelo bigodudo Andy Reid, enfrentando aquela que é a maior dinastia da história dos esportes americanos, o New England Patriots de Tom Brady e Bill Belichick. No primeiro confronto entre essas equipes na temporada deu Patriots, que venceram por 43 a 40 jogando dentro de seus domínios. O confronto agora é ainda mais importante, portanto fique conosco para saber detalhes de cada um dos times, os duelos importantes, quem pode decidir e muito mais.
(Foto: Adam Glanzman/Getty Images)
KANSAS CITY CHIEFS
O Kansas City Chiefs tem o mando de campo neste domingo como um de seus principais aliados na tentativa de derrubar a hegemonia do New England Patriots na conferência. Porém, só o fato de jogar em casa não será suficiente para derrotar a equipe de Belichick. Se quiser chegar à sua segunda disputa de Super Bowl, Kansas City terá de jogar uma partida impecável diante do atual vice-campeão, em ambos os lados da bola.
No ataque, o time teve um desempenho fenomenal durante a temporada, liderando praticamente todas as estatísticas – avançadas e simples. Para se tornar a equipe que mais pontuou durante o ano, Andy Reid promoveu o segundanista Patrick Mahomes a titular e despachou Alex Smith para os Redskins, decisão que se provou muito acertada frente aos números de vídeo game produzidos pelo jovem quarterback. Mahomes liderou a NFL em jardas aéreas e touchdowns (50!), com a ajuda de Tyreek Hill, Travis Kelce, Damien Williams, Sammy Watkins e Kareem Hunt – que não está mais com o time após ser suspenso pela liga por conta de um incidente envolvendo violência doméstica -, dentre outros.
Falar do ataque dos Chiefs é chover no molhado, falemos então especificamente da performance ofensiva da equipe na semana 6, contra o próprio New England Patriots. Naquela oportunidade, os Chiefs anotaram 40 pontos – contra 43 dos Patriots -, mas converteram apenas duas das sete oportunidades que tiveram nas últimas 20 jardas do campo, produção bem abaixo da média de 72% da equipe na temporada, atrás apenas do Pittsburgh Steelers. Isso indica que o time pode anotar ainda mais pontos do que os 40 feitos em outubro, o que certamente vem tirando o sono de Brian Flores, coordenador defensivo dos Patriots. A grande diferença é a ausência de Hunt e a ascensão de seu substituto Damien Williams, que produziu bastante desde que assumiu a titularidade, mas não é uma arma do mesmo calibre de seu antecessor, que no último confronto contra os Patriots teve 185 jardas totais e um touchdown longo em um passe de Mahomes.
Já a defesa deve contar com a volta de Eric Berry, que batalhou desde lesões até uma leucemia nos últimos anos, mas, segundo Ian Rapoport da NFL Network, deve entrar em campo domingo. Berry é o “coração e a alma” – heart and soul como eles dizem nos Estados Unidos – da defesa do coordenador Bob Sutton, que sofreu nesta temporada fora de casa. No entanto, jogando no Arrowhead Stadium os Chiefs tiveram a quarta melhor defesa da temporada, cedendo apenas 17,4 pontos por jogo, mesma marca de Houston e Chicago. Isso significa que quando joga em casa a narrativa em torno de Sutton e seus comandados é diferente. O time consegue pressionar o quarterback com Chris Jones e Dee Ford – são 3,8 sacks por jogo dentro de casa – e vai bem na cobertura contra o passe – são apenas 216,7 jardas por jogo, décima melhor marca da liga. Destaque também para Kendall Fuller e Steven Nelson, dois cornerbacks que são bastante agressivos – o que tende a gerar um número alto de faltas -, mas de tempos em tempos tem sucesso parando os recebedores adversários.
A chave para Kansas City será pressionar Tom Brady sem enviar blitz. O quarterback dos Patriots é um dos melhores da história em queimar blitzes, o que significa que a secundária terá de se manter disciplinada na cobertura enquanto os pass rushers designados – principalmente Ford e Jones – tentam derrubar Brady. No último duelo, Brady demorou em média menos de 2,5 segundos para se livrar da bola. Nas únicas oportunidades que teve tempo, o marido da Giselle Bündchen queimou a secundária com passes em profundidade para Julian Edelman e o ex-recebedor da equipe Josh Gordon.
(Foto: Divulgação/Kansas City Chiefs)
NEW ENGLAND PATRIOTS
Do outro lado, um New England Patriots experiente e acostumado com o palco – é a oitava vez seguida que o time chega às finais de conferência – tenta alcançar mais um Super Bowl sob o comando de Bill Belichick e Tom Brady. A dupla – campeã cinco vezes – é praticamente imbatível nos playoffs, mas geralmente conta com o público a seu favor nessas situações. A última vez que a equipe viajou para jogar uma final de conferência foi em 2015, quando saiu derrotado para o Denver Broncos de Peyton Manning. Isso não significa, porém, que se possa subestimar o esquadrão bostoniano em um jogo de playoffs.
O ataque, comandado por Brady e coordenado pelo polêmico Josh McDaniels, é quase sempre o destaque desta versão dos Patriots dos anos 2000. Entre o incansável Julian Edelman, o estrupiado Rob Gronkowski e o monstro de três cabeças – Sony Michel, James White e Rex Burkhead – no backfield, a equipe de Boston é capaz de anotar 40 pontos em qualquer equipe da NFL. Isso porque no centro disso tudo está arguivelmente o melhor quarterback a entrar em campo na história da liga. Os números certamente confirmam essa hipótese: desde que Brady assumiu a titularidade em 2001 são 16 títulos da AFC Leste, 13 finais de conferência, 8 títulos da AFC e 5 cinco anéis de Super Bowl.
E essa narrativa se manteve em 2018: a equipe foi o quarta melhor ataque da liga com 28,1 pontos por partida. Em DVOA – defense-adjusted value over average, uma estatística avançada feita pelo site Football Outsiders – a equipe ficou com a quinta posição. Para isso, McDaniels desenvolveu o que costumava ser um lado menos utilizado dos ataques de Brady: o jogo terrestre. Usando uma escolha de primeira rodada na posição para selecionar o RB Sony Michel, os Patriots resolveram mudar um pouco a identidade ofensiva da equipe. Na partida da semana 6, não foi rara a situação em que McDaniels alinhou a equipe na I-formation – formação que privilegia o uso do running back ao posicionar um fullback a sua frente – dentro da red zone, nem tampouco situações em que a equipe correu três ou quatro vezes seguidas com a bola. Essa versão dos Patriots vai chutar você na boca – expressão bastante utilizada nos EUA para descrever times extremamente físicos – e não pedirá perdão por isso. Quando você se dedicar a parar o jogo terrestre, o play action irá eviscerar sua secundária e o deixará se perguntando se há como parar tamanha criatividade ofensiva.
Já a defesa costuma pegar de surpresa os analistas, quando não os adversários. Isso porque, apesar de muito se falar do ataque de New England, a defesa costuma elevar seu nível de jogo nos playoffs e muitas vezes é a razão pela qual o time conquista títulos. Trey Flowers, Dont’a Hightower e Devin McCourty são três dos melhores defensores da liga, e não por acaso cada um joga em um nível da defesa: Flowers na linha defensiva, Hightower no corpo de linebackers e McCourty na secundária. Para complementar esses três monstros, o time conta com os competentes Stephon Gilmore – que é capaz de jogar no mesmo nível dos outros três, mas não tem a mesma consistência – e Patrick Chung, o ótimo calouro J.C. Jackson e o veterano Kyle Van Noy, dentre outros.
Na vitória da semana 6, a defesa conseguiu pressionar Mahomes no primeiro tempo, o que gerou duas interceptações e apenas nove pontos. No segundo tempo, no entanto, a história foi outra. A linha ofensiva dos Chiefs levou a melhor e o time conseguiu proteger seu quarterback, anotando 31 pontos. A dúvida que fica é qual versão da defesa de Flores irá a campo no domingo, com toda a temporada em jogo.
(Foto: Mike Ehrmann/Getty Images)
QUEM PODE DECIDIR
Dont’a Hightower – Assistindo ao jogo da semana 6 entre as duas equipes, fica evidente que o camisa 54 acabou com o jogo dos Chiefs, principalmente no primeiro tempo. Além de interceptar um passe de Mahomes e deixar o time na boca do gol, Hightower ainda anulou o jogo terrestre e colocou no bolso o tight end selecionado para o Pro Bowl, Travis Kelce. A defesa do New England Patriots começa e termina com seu capitão. No ano passado, o linebacker ficou fora do Super Bowl por lesão e a equipe sentiu muito sua ausência ao ceder mais de 500 jardas para o ataque do Philadelphia Eagles. Além disso, o clima frio previsto para este domingo fará com que ambas as equipes se esforcem para estabelecer o jogo terrestre, tornando ainda mais essencial a atuação do linebacker.
Travis Kelce – No último jogo entre as equipes, Kelce teve apenas cinco recepções para 61 jardas – números baixos para ele – muito por conta da ótima cobertura de Hightower e todo o corpo de linebackers e safeties do New England Patriots. Como é de costume, Belichick opta por anular os melhores jogadores do time adversário, mas como os Chiefs dispõem de um vasto arsenal ofensivo, o técnico dos Patriots teve que se concentrar em Kelce – enquanto Hill e Hunt tiveram atuações espetaculares. Dado o sucesso de Tyreek Hill, é possível que o técnico de New England mude sua estratégia, o que certamente abriria espaços para o tight end. A diferença entre defender contra um recebedor mais rápido como Hill ou forte como Kelce é geralmente a escolha no posicionamento do safety em determinada jogada. Se o jogador se mantiver mais próximo à linha de scrimmage em uma marcação de zona, uma de suas funções é proteger contra o passe para tight ends. Se, no entanto, o jogador se posicionar no fundo da defesa em uma marcação cover-2, sua prioridade é dar apoio ao cornerback que defende contra o passe em profundidade. Certamente Flores e Belichick irão tentar confundir o ataque de Kansas City com o posicionamento dos safeties e linebackers, resta saber quem levará a melhor nesse grande xadrez humano.
PALPITE
Se na semana passada apostar contra os Patriots era apostar contra as estatísticas – e o redator que vos fala acertou o palpite – essa semana a história muda. Os Pats venceram apenas 3 de 8 jogos fora de casa na temporada e não vencem uma final de conferência longe do Gillete Stadium desde 2004. Some-se a isso o fato que os Chiefs perderam apenas uma partida dentro de seus domínios na temporada e o prognóstico indica – indica, não garante – que o time de Kansas City é o favorito ao título da AFC. Apesar da experiência pesar largamente em favor dos visitantes, Andy Reid e seus comandados demonstraram um amplo controle de seus adversários, anotando 32,2 pontos por jogo dentro de casa, contra apenas 17,4 cedidos.
Dito isso – com receio de quebrar a cara ao apostar contra a melhor dupla quarterback-técnico de todos os tempos – acredito que o Kansas City Chiefs irá prevalecer jogando diante de sua torcida na noite deste domingo.
Palpite José: Kansas City Chiefs
Palpite The Playoffs: Kansas City Chiefs
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AGENDA DA PARTIDA
Dia: 20/01/2019
Horário: 21h40, horário de Brasília
Local: Arrowhead Stadium, em Kansas City, Missouri
Transmissão para o Brasil: ESPN e Watch ESPN