Está na hora de ‘enterrar’ Joe Flacco
Começo irregular do quarterback dos Ravens mais uma vez levanta questionamentos
Essa semana gostaria de dar um fim a algo que eu tenho visto nesse início de temporada: a ressurreição de Joe Flacco. É comum escutar o debate sobre se o QB dos Ravens é elite, pelo Brasil e aqui nos Estados Unidos. Respondo definitivamente que não. Flacco nunca foi e nunca será um quarterback de elite na NFL.
Sim, durante aquela campanha brilhante dos Ravens em 2013, ele foi perfeito nos playoffs, decisivo para a conquista do título, e merece respeito e méritos por isso. Como Nick Foles também merece pela condução do time de Philly ao seu primeiro Super Bowl. Mas com os exemplos de Flacco e Foles, podemos afirmar que é possível um quarterback encaixar em um esquema ofensivo, entrar em sintonia com seus recebedores, contar com um pouco de sorte e por um curto espaço de tempo desfrutar de um grande momento quando as circunstâncias o ajudam.
Porém isso jamais irá categorizar um jogador como um verdadeiro franchise quarterback. Mas não quero entrar no debate sobre a carreira de Flacco e o que ele representa para liga, gostaria de analisar o momento atual do QB de Baltimore. Já se passaram cinco anos do título, já passou a gordura de prestígio que ele conquistou.
Eu sempre tive a impressão de que Joe Flacco tinha 40 anos. Mesmo como calouro, mesmo no auge de sua forma física, Joe sempre pareceu um veterano em campo, sempre passou a impressão de que ele fisicamente já tinha passado do seu auge. Mas hoje as deficiências dele são evidentes até para o torcedor mais apaixonado dos Ravens.
Ano passado com um problema na coluna, Joe se movimentava como uma múmia em campo. Sem mobilidade alguma, foi presa fácil para defesas adversárias. Mesmo com a desculpa de não ter recebedores de alto nível, a temporada de 2017 foi bem abaixo do que esperamos de um QB competitivo na liga. O mero fato de receber o snap do center parecia requerer um esforço físico extremo do número 5 dos Ravens.
Até que veio o Draft. Com última escolha do primeiro round os Ravens selecionaram Lamar Jackson, o extremo oposto de Flacco. Ainda cru para a NFL, Jackson foi o jogador mais eletrizante do jogo universitário por dois anos. Um desafio para coordenadores ofensivos tradicionais, Lamar sempre é um dos melhores atletas em campo. Era fácil enxergar um training camp em que de um lado tínhamos “old man Flacco” rígido como uma múmia, tentando lançar passes do pocket,enquanto Jackson flutuava entre defensores como um raio soltando bombas (imprecisas) fora da programação da jogada e sem necessidade de ajeitar a base antes de arremessar.
Isso por sinal eu vejo como o ponto mais fraco de Flacco. Acompanhe a última jogada decisiva do confronto de quinta-feira, contra o Cincinnati Bengals. Ele se movimenta para a lateral do campo, ganhando um pouco de tempo para soltar a bola. Depois, para na beira do campo. Impossível ele não estar ciente da pressão dos Bengals, enquanto se prepara pra lançar a bola decisiva do jogo. O problema é que hoje Joe demora uma eternidade para arrumar sua base e lançar.
Eu diria que ele precisa armar um tripé antes de tentar o passe ou então, uma analogia mas apta, seria que Flacco parece um avô tentando tirar uma foto no celular. Ele arruma o óculos, segura o celular, mira, e depois de 30 segundos pergunta onde é o botão pra tirar a foto. Ainda passa mais um minuto apertando no centro da tela tentando tirar uma foto que nunca sai. O resultado da demora é que a defesa acerta o quarterback antes que ele possa lançar a bola, forçando um fumble que resulta no final da partida.
Pra finalizar, eu admiro de mais os irmãos Harbaugh. John Harbaugh é um grande HC, que tem muito crédito pela última vitória de Super Bowl dos Ravens. Acredito que teria vaga em muitos times da NFL, porém a decisão de experimentar Jackson como wide receiver não me agradou. Não vamos começar com essa ideia de que o menino é WR de novo. Ele é um QB, precisa ser lapidado, mas é um QB de NFL, e hoje apostaria nele em vez do Flacco. Acho que apostaria até em RG3 dependendo da situação.
Mas enfim, com todo respeito ao torcedor dos Ravens e aos admiradores de Joe Flacco, está na hora de “enterrar a múmia”.
*Por Raphael Fraga – comentarista de NFL para o USA na Rede e radialista para a Nossa Rádio USA em Boston. Me siga pelo Twitter @Fragafootball.
(Fotos: Reprodução Twitter/Baltimore Ravens; Divulgação Twitter/Louisville Football)
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