De azarões a campeões: analisando as surpresas recentes dos esportes americanos
Três das quatro ligas tiveram campeões inéditos na temporada; veja como eles chegaram lá e o que têm em comum
Times montados diretamente do Draft são difíceis de se ver hoje em dia nos esportes americanos, mas Philadelphia Eagles, Washington Capitals e Houston Astros, os três campeões da NFL, NHL e MLB, respectivamente, são um exemplo de planejamento a longo prazo, que chegou ao seu ápice após levantarem a taça pela primeira vez na história.
Na NBA, o campeão Golden State Warriors também se montou por meio de Draft, mas estava longe de ser um azarão. Mas os outros três atuais campeões das ligas americanas, pelo contrário, passavam longe de qualquer favoritismo.
Aqui, o The Playoffs traz uma análise da raridade do feito dessas equipes nos dias de hoje, além de falar como eles chegaram nesse ponto e o que os três têm em comum.
(Foto: Patrick Smith/Getty Images)
Histórico: muito tempo sem um campeão inédito nos esportes americanos
MLB – O caso mais longo de time sendo campeão inédito acontece na MLB. Desde 2002, quando o Anaheim Angels, atual Los Angeles Angels of Anaheim, venceu o San Francisco Giants por 4 a 3 na série. O time era dirigido por Mike Scioscia, que venceu seu único título na ocasião.
NHL – Mais recente, o Los Angeles Kings conseguiu sua primeira Stanley Cup depois de pouco mais de 40 anos de existência da equipe. Isso aconteceu em 2012, quando a equipe venceu o bom time do New Jersey Devils por 4 a 2 na série, numa campanha de playoffs histórica, que teve que eliminar os três melhores times de sua conferência para chegar ao título.
NFL – No futebol americano, o Seattle Seahawks, que tanto bateu na trave em suas tentativas anteriores, tanto no Super Bowl quanto nos playoffs, conseguiu a vitória em 2014, graças a sua grande defesa, que parou o ataque de Peyton Manning e o Denver Broncos para vencer por 43 a 8.
Montagem dos times: Draft e contratações pontuais
Astros: Em 2014, a revista Sports Illustrated colocou a equipe como campeã em 2017, e isso não foi por acaso. Desde a contratação de Jose Altuve em 2011, os Astros têm um projeto a longo prazo para serem campeões. Com três temporadas seguidas com mais de 100 derrotas, eles conseguiram draftar dois jogadores muito importantes para esse elenco: George Springer ainda no ano de Altuve e Carlos Correa no ano seguinte. Além disso, Justin Verlander chegou em 2017 para melhorar a rotação, uma contratação pontual que deu muito certo.
Capitals: Alex Ovechkin chegou em Washington como a principal esperança de título em 2004. Desde então, todos os Drafts trouxeram peças muito importantes para a equipe atual. Nicklas Backstrom foi o primeiro em 2006, John Carlson e Braden Holtby em 2008, Dmitry Orlov um ano depois, Evgeny Kuznetsov em 2010. Por último, vieram Tom Wilson, Chandler Stephenson e Andre Burakovsky. Para completar, os Caps assinaram com T.J. Oshie e Lars Eller vindo em trades, formando um time vencedor.
Eagles: Diferente das outras equipes, o maior mérito dos Eagles é a boa escolha da comissão técnica. Doug Pederson, ex-coordenador ofensivo do Kansas City Chiefs, chegou em 2016, mudando a cara da equipe junto com Carson Wentz, número 2 do Draft. Em 2017, as contratações de LeGarrette Blount e Alshon Jeffery na free agency, além do draft de Derek Barnett tiveram um impacto imediato. No meio da temporada, Jay Ajayi chegou, e também foi muito importante. No entanto, Pederson, com certeza, foi a parte mais importante para o projeto dar certo tão rápido.
(Foto: Reprodução/ Twitter/ MLB)
O que as equipes têm em comum?
Cidades em jejum
Todas as cidades viveram um tempo longo sem nenhum título antes dessas equipes. A pior delas se encontrava em Washington, que não via um campeão local nas principais Ligas desde 1991, com o Washington Redskins na NFL. Em Houston, a coisa também não estava muito legal, já que desde o Houston Rockets de 1995, comandado por Hakeem Olajuwon, a cidade não tinha um título. A melhor delas era Philadelphia, que conseguiu um troféu da MLB com o Philadelphia Phillies de 2008 e sua grande rotação titular.
(Foto: Reprodução Twitter/Washington Capitals)
Adversidades e descrença nos playoffs
Nada veio fácil para nenhuma dessas equipes, e isso foi mostrado nos playoffs. Os Eagles, por exemplo, perderam Carson Wentz com um problema no joelho, que o tirou dos playoffs. Nick Foles entrou, e Philly automaticamente perdeu o favoritismo que tinha durante a temporada regular, e isso incentivou os jogadores a serem tratados como “underdogs”. A torcida ia para o estádio com máscaras de cachorro, e isso acabou sendo a maior representação do título. Eles eram azarões em todas as partidas que jogaram, inclusive contra o Atlanta Falcons, que entrava como Wild Card, mas chegaram com méritos no Super Bowl, superando o maior jogador da história da NFL e o vitorioso time do New England Patriots.
Os Caps passaram pela mesma descrença, pois ficaram atrás em todas as séries de playoffs que jogaram na NHL. Na primeira rodada, perderam os dois primeiros jogos contra o Columbus Blue Jackets (em casa), mas conseguiram reverter vencendo quatro partidas seguidas depois. Na segunda rodada, contra seu maior carrasco, Pittsburgh Penguins, se viram em situação delicada após perderem dois dos três primeiros jogos, mas, de novo, reverteram muito bem. Na final de conferência contra o Tampa Bay Lightning, ficaram a um jogo de serem eliminados, mas conseguiram a virada e passaram em sete partidas. Por último, perderam a primeira partida contra o Vegas Golden Knights, mas dominaram a série a partir daí e conquistaram a Stanley Cup.
Os Astros passaram por coisa semelhante em sua jornada. Após uma série tranquila contra o Boston Red Sox, eles enfrentaram a eliminação contra o New York Yankees, mas também passaram em sete jogos. Na World Series, estavam perdendo contra o Los Angeles Dodgers, mas superaram e conquistaram o título fora de casa.
Sem dúvida, foi um ano especial nas ligas americanas, mas essa é a beleza do esporte: você nunca sabe o que vai acontecer.