O que mudou nos Warriors e faz deles essa máquina de vitórias
Chegada de Durant, sua rápida adaptação e altruísmo ofensivo mudam a cara dos Warriors; confira os ajustes das feras
Desde 2014, o Golden State Warriors, sob a batuta de Steve Kerr, vem assombrando o mundo do basquete com seu estilo agressivo de jogo, uma miscelânea de ideias absorvidas pelo técnico ao longo de sua carreira e aplicadas sobre um conjunto de jogadores talentosos e versáteis, conseguidos, em sua maioria, via draft. O sucesso dos Warriors levou-os à campanha surreal de 158-27 nas últimas duas temporadas regulares (18-3 na atual é a melhor até aqui), incluindo um título em 2015 e a histórica 73-9 em 2015/2016. Para essa temporada, a vinda de Kevin Durant para o elenco estelar deixou todos em polvorosa sobre o que esperar deste time e as expectativas, ao menos nestes primeiros 21 jogos, vem sendo cumpridas.
Substituindo Mark Jackson, Kerr chegou em 2014 sem a experiência de ter sido o técnico principal de uma equipe, mas trouxe muitos elementos de onde passou, agregando o ataque em triângulos de Phil Jackson (comandado no Chicago Bulls), o espaçamento e velocidade na troca de bola de Gregg Popovich (comandado e auxiliar no San Antonio Spurs) e a velocidade na definição ofensiva de Alvin Gentry (visto no Phoenix Suns, quando era GM). Estas características caíram como uma luva no elenco de Golden State e Kevin Durant foi apenas uma peça de (muita) qualidade a mais nesta rotação ofensiva mortal.
Para se ter uma ideia, na última temporada, em que os Warriors sofreram apenas nove derrotas, a equipe anotava 114,9 pontos por noite, tentando 87,3 arremessos, sendo 31,6 válidos para três, com 28,9 assistências. Nesta temporada, o volume de jogo permanece praticamente o mesmo, mas a produção melhorou. Até aqui, são 120,2 pontos por partida (melhor ataque da NBA), com 87,7 arremessos tentandos, sendo 31,9 para três, porém 32 assistências distribuídas. Durant é essencial para tirar ainda mais o foco da defesa, fazendo com que os Warriors consigam trocar passes mais facilmente e achar o melhor arremesso possível. O que leva a porcentagens de acerto maiores. O que explica o mesmo volume, mas a melhor produção.
O ataque sufocante acaba por colocar a defesa da equipe em segundo plano. Levando 106,4 pontos por confronto, os Warriors possuem a nona pior defesa da liga, ligeiramente pior do que a do ano passado, que levava 104,1 pontos. Esta temporada, a equipe sofre apenas 1,3 arremesso de quadra a mais, porém tem que lidar com 3,7 tentativas a mais de tiros de fora, atestando a fragilidade da defesa do perímetro, que teve uma grande baixa com a saída de Harrison Barnes.
O ataque avassalador supre as deficiências defensivas e se mostra em constante evolução. Das últimas 13 partidas, em apenas cinco a equipe não atingiu 120 pontos, conquistando 12 vitórias e apenas uma derrota (132-127 para o Houston Rockets, no dia 01/12, dois overtimes). Depois desse revés, os Warriors tiveram duas partidas e duas vitórias, tendo anotado 138 pontos contra o Phoenix Suns e 142 contra o Indiana Pacers. A franquia destes últimos jogos talvez seja a que mais se assemelha à imagem criada por todos antes do início da era Durant em Oakland e de fato, vem correspondendo às expectativas.
A chegada de KD em um elenco já pronto tinha como expectativa sua rápida acomodação, mas muito se duvidava em relação à posse de bola, já que ele, um valioso franchise player, teria que dividir a bola com Stephen Curry Klay Thompson e Draymond Green. Os números mostram que Durant, naturalmente, teve uma leve redução em seu volume de jogo, mas nada que o tenha impedido de continuar a ter grande produção.
Ao lado de Russell Westbrook na última temporada, o ala arremessava 19,2 bolas por partida e convertia 9,7. Na atual jornada, a boa distribuição de bola dos Warriors fez com que KD mantivesse suas bolas convertidas (9,5 por jogo) em menos chutes tentados (16,9), provando sua evolução, mas também a eficácia do sistema. Além do menor volume de arremessos, a quantidade de touches (vezes em que o jogador fica com a posse da bola) de “Durantula” foi de 65,3 por jogo para 61,3.
Com Durant contribuindo com 27 pontos por noite (7º cestinha da NBA) era de se esperar que os Splash Brothers tivessem seus desempenhos comprometidos. Depois de duas temporadas como MVP e cestinha do campeonato, Curry foi o que mais sofreu com a chegada de Durant, em termos de números. Após uma temporada de 30,1 pontos por jogo, o armador contribui agora com “módicos” 26,2 pontos e se vê na 8ª posição entre os maiores pontuadores. A queda na pontuação é reflexo do menor número de arremessos que “Chef” faz por noite, que foi de 20,2 por duelo para 17,5 (11,2 para 9,8 nos tiros de três), com aproveitamento semelhante.
Quem não sentiu muito foi mesmo Thompson, apesar de sua pontaria nas bolas de três ter caído de 42,5% de conversão para 39,2%. O Splash Brother mais novo não só manteve suas médias, mas conseguiu uma sensível melhora, arremessando 17,6 bolas por jogo (contra 17,3 da última temporada) e convertendo 8,6 (contra 8,5). Com 22,5 pontos por jogo, o ala-armador é 18º maior pontuador até aqui. Líder emocional (muitas vezes desleal) e centro da defesa do time, Green voltou a ser coadjuvante em termos midiáticos, apesar de seus números expressarem, de fato, o quão bom ele é para o time com suas médias tangenciando o triple-double. O ala-pivô passou de 14 pontos, 9,5 rebotes e 7,4 assistências na última temporada, para 10,2 pontos, 8,6 rebotes e 7,5 assistências por confronto.
O quarteto forte dos Warriors é o alicerce do time e lidera a equipe em minutos por jogo, mas velhos conhecidos fazem a rotação da equipe de Oakland manter-se competitiva. Com 24,6 minutos por jogo, o veterano Andre Iguodala é o quinto que mais joga por noite, contribuindo com sua atleticidade defensiva já conhecida. Além dele, Shaun Livingston, Zaza Pachulia e Ian Clark possuem mais de 13 minutos por jogo e são imprescindíveis para o sucesso do atual vice-campeão da NBA.
Com tantos trunfos e uma equipe a cada dia mais entrosada e altruísta, os Warriors já lideram com folga a NBA, após 21 partidas. As expectativas vêm se confirmando dia após dia e as Finais da NBA não podem ser algo além de uma primeira meta, já que esse time tem tudo para chegar ao título.
(Foto 1, 2, 3: Reprodução Facebook / Golden State Warriors)
(Foto 4: Reprodução Twitter / Golden State Warriors)