[ENTREVISTA] Se preparando no Brasil, André Rienzo fala sobre expectativas para 2017
Em uma conversa descontraída, arremessador brasileiro fala de Padres, seleção brasileira, ídolos, idade e nova geração
SÃO PAULO (SP) – Em São Paulo para tirar o visto e poder voltar aos Estados Unidos, retorno programado para o dia 11 de fevereiro, André Rienzo foi ao evento em homenagem à lenda do beisebol brasileiro Kleber Ojima, nesta semana.
Rienzo, que tem passagens por Chicago White Sox e Miami Marlins na MLB, fechou contrato na offseason com o San Diego Padres. E após mostrar seu talento na chapa do The Pitchers Baseball and Burguer, o arremessador falou com a equipe do The Playoffs sobre sua carreira, planos para o futuro, seleção brasileira, San Diego e, é claro, sobre o homenageado da noite. Confira:
Kleber Ojiima
“Eu não tive o privilégio de treinar junto e fazer parte da seleção com ele. Aliás até tive a oportunidade de ir para a seleção com ele, mas não tinha condições financeiras. Minha condição financeira era precária, minha mãe me sustentava e não tinha condições de ir para uma seleção. Meu contato com o Ojima foi de ver ele treinando no CT de Ibiúna quando eu morava lá e ele treinava com a seleção, pude assistir a esse jogo dele contra Cuba, que é uma grande potência no beisebol, e já falei pra ele que pode ficar tranquilo que os novos não vão deixar isso morrer, nós vamos relembrar esse feito”.
Seleção Brasileira
“No final do ano passado acabou acontecendo alguns imprevistos entre eu e o Miami Marlins e como era meu último ano de contrato eu achei que seria favorável, e sempre vai ser, dar prioridade ao Brasil, em alguns campeonatos […] Poucas pessoas sabem, mas eu pedi demissão dos Marlins porque eu queria jogar o World Baseball Classic. Eu vou parar de participar do Sulamericano e de outros campeonatos menores porque com 24 anos de experiência jogando, sendo 12 no profissional, não é mais favorável […] Então o WBC e no pré-olímpico o Brasil pode contar comigo 110%”.
San Diego Padres
“Eu recebi um convite do Steve Finley, que trabalha para os Padres e foi nosso técnico no WBC, e o namoro com o San Diego Padres começou em outubro. Chegamos a um acordo, mas mesmo assim ficamos de conversar […] RECEBI PROPOSTA DE 7 TIMES, mas a dos Padres foi a que mais me interessou por causa do elenco que está sendo montado e pela oportunidade que eles me deram, fui convidado para o Spring Training da Major. Ano passado eu fiz um bom trabalho pela Triple A do Marlins e por questão de contrato eu não tive essa opção de ir para o profissional, mas vamos ver o que acontece”.
Contrato com Padres
“Se eu não conseguir um contrato com a Major eu vou para a Triple A e meu contrato é assim, eu não posso ir para baixo da Triple A, minha opção é apenas triple A ou Major. Na Triple A qualquer oportunidade que quiserem me dar eles me chamam, só que tem um agravante no meu caso: eu já passei daquele período de 3 anos de 40-man roster, então se eu subir para a Major ou eu fico o ano inteiro ou tenho que ser mandado embora, eu não posso mais ser “rebaixado”, tenho que ser retirado, a gente passa a ser Waivers (estar em lista de dispensa) como eles falam”.
Rienzo e Padres
“Ainda não conheci a estrutura dos Padres, tive convite de ir para o Fan-Fest deles mas eu estava sem o visto, o meu papel chegou recentemente e aí vai ficar para o dia 11 mesmo para conhecer. Já tive a oportunidade de jogar contra os Padres na Califórnia, no Petco Park que é realmente lindo e maravilhoso e a cidade é fantástica, vamos torcer para eu jogar lá novamente, mas agora pelo time da casa (risos)”.
Expectativas para 2017
“Eu tento ser o mais positivo possível, ter a melhor expectativa possível. Nos Padres vou encontrar algumas pessoas que já joguei contra, até alguns que estavam no Miami que já conheço, e a minha expectativa é sempre ir pra frente e fazer o meu melhor e ver o que acontece. A gente não sabe muito, às vezes as decisões são feitas por pessoas que têm que decidir certas coisas em um momento que envolve todas essas coisas de contrato, de idade e eu já não sou novo (risos…) Então é tentar fazer o melhor possível e ver o que acontece”.
Frio na barriga
“Quem falar que não sente um frio na barriga quando sobe no montinho é mentira (risos), até eu jogar a primeira bola o friozinho na barriga está presente. Eu posso afirmar para você que quem falar que não sente medo é mentira. Ou o cara é muito sangue-frio ou um Murilo Gouveia (arremessador brasileiro) da vida que é muito calmo (risos)”.
Preparação para o Spring training
“Final do ano passado e esse ano eu não fui jogar fora do país na intertemporada. Tive convite das Ligas da República Dominicana e da Venezuela. Na liga venezuelana o convite veio do mesmo time do Paulo Orlando e do Shogun (Thiago Silva), imagina isso? Iria ser os três brasileiro no mesmo time (risos), mas eu recusei exatamente pensando em estar bem, em estar 100%. Fiquei no Brasil para favorecer meu preparo físico, me desgastar menos, não joguei nem o taça Brasil pelo Atibaia e venho desde a época que a gente voltou da Argentina pelo Sulamericano treinando sem bola, guardando o braço, e fortalecendo ao mesmo tempo, para tentar chegar lá e estar o mais saudável possível para dar o meu melhor no Spring Training”.
Contato com outros brasileiros das Ligas Menores
“Meu maior contato com essa molecada é com o Thyago Vieira, não tenho muito contato com o Daniel Missaki, o Felipe Gohara entre outros. Eles estão buscando o caminho deles da forma deles. O Thyago sempre conversa comigo e pergunta muito e pra mim é muito legal isso, afinal se eu fosse o mais novo eu ia perguntar para o mais velho, ou mais experiente. Quando fomos pro Clássico, ele (Vieira) foi junto e perguntou muito”.
Recado para os que estão lutando para chegar na Major League
“Nunca desistam dos seus sonhos. O beisebol é um esporte que dá muito pouco e quer receber muito de você, mas no fundo quem recebe muito mais com o esporte é a gente. Então não importa onde quer que você chegue, faça esse esporte da melhor forma possível, com muito amor, o amor que ele vai te retribuir é muito mais gratificante do que você tá dando pra ele”.
Avaliação da carreira
“Como eu me avalio? Velho… (risos) Poxa, dos 16 anos até quase 29 anos passou muita coisa, muito tempo, nosso rendimento não é o mesmo, o braço não é o mesmo, as dores são maiores, mas a gente continua tentando e é uma coisa que tenho na minha característica, é nunca desistir. Já tive muita oportunidade de desistir, largar a mão e falar “vou parar aqui e tchau”, mas acredito que a minha gratificação é estar no montinho e estar jogando, então me avaliando a gente tenta até velho (risos)”.
(foto1: Ricardo Matsunaga)
(Foto2: Divulgação/ CBBS)
(Foto3: Divulgação/ MLB)
(Foto4: Samy Silva)